Petrobras mantém desinvestimento na Bacia de Campos e anuncia venda do Polo Marlim

Petrobras mantém desinvestimento na Bacia de Campos e anuncia venda do Polo Marlim

Em mais uma sinalização ao mercado de que mantém o programa de desmobilização de ativos na Bacia de Campos, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (16) a venda de 50% de sua participação nas concessões de Marlim, Voador, Marlim Leste e Marlim Sul. Os campos, denominados em conjunto como Polo Marlim, estão localizados em águas profundas.

A notícia foi recebida com apreensão por lideranças empresariais e sindicais do Norte Fluminense, que vêm sofrendo os impactos econômicos e sociais do desinvestimento da companhia na região. O consenso é de que a venda dos ativos do Polo Marlim será mais um duro golpe ao mercado de trabalho e ao patrimônio da empresa.

De acordo com o comunicado, a Petrobras se manterá como operadora dos campos, onde tem atualmente 100% de participação. Marlim e Voador, localizados a uma distância de 150 km de Macaé (RJ), compartilham a infraestrutura de produção. Entre janeiro e outubro deste ano, produziram 68,9 mil barris de óleo por dia e 934 mil m3/ dia de gás em média no mesmo período.

Marlim Leste, localizado a uma distância de 107 km do Cabo de São Tomé, produziu, em média, 38,5 mil barris de óleo por dia e 615 mil m3/dia de gás. Já o campo de Marlim Sul, situado a uma distância de 90 km do litoral norte do Rio de Janeiro. Até outubro, a produção média do campo este ano foi de 109,6 mil barris do óleo por dia e 2.062 mil m3/dia de gás.

 

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Erro estratégico da Petrobras na venda de ativos

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), Leonardo Castro de Abreu, o anúncio da Petrobras não faz sentido sob o ponto de estratético, uma vez que as empresas privadas costumam vender ativos não lucrativos.

“Na minha visão, o que se apresenta no momento seria justamente isto, uma situação de cessão de 50% num prazo de 32 anos, para justamente manter as garantias de produção com a manutenção de operação. Agora, tudo tem um preço, plataformas serão substituídas por FPSOs, que certamente não irão absorver toda esta mão-de-obra, acarretando mais um impacto na economia, principalmente da nossa região”, afirmou.

Mestre em políticas públicas, estratégia e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o economista Ranulfo Vidigal disse que o anúncio faz parte da estratégia de priorizar o investidor detentor de títulos da estatal, em detrimento da visão estratégica nacional de longo prazo que permeia as grandes empresas públicas de óleo e gás.

“A busca por lucros de curto prazo pode custar graus de soberania e empregos, notadamente no Norte Fluminense carente de oportunidades produtivas”, observou Vidigal.

Segundo Roberto Moraes, engenheiro e professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), a venda dos campos do Polo Marlim é uma continuidade do processo acelerado de desintegração da Petrobras.

“A Petrobras que explorou, descobriu e colocou em produção os gigantes campos e potentes bacias de Campos, Santos e o pré-sal, agora entrega a preço de xepa suas descobertas e seus ativos. E o pior, esses dirigentes criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para a Petrobras a parte mais onerosa que é a de seguir explorando áreas offshore, águas muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome”, criticou. (Foto: Divulgação/Petrobras)