Petroleiros da plataforma Carapeba 2 enviaram para o Sindipetro-NF denúncias em relação às condições de segurança e de habitabilidade da unidade. Entre os problemas está a inoperância do queimador, situação que se arrasta há mais de dez anos. Na semana passada, um dos itens determinantes para a interdição da P-65 foi justamente um problema no queimador, que estava sendo ativado manualmente.
Confira a íntegra do documento:
Plataforma de Carapeba 2, 27 de maio de 2011.
Prezados companheiros,
Através desta carta, gostaríamos de deixar clara a nossa insatisfação com a atual política de SMS da gerência de carapeba/vermelho e denunciar algumas questões relativas à segurança e bem-estar a bordo da nossa unidade.
São elas:
– Queimador inoperante há mais de 10 anos.
– o anel de incêndio está com sua integridade comprometida. A troca de todo o anel estava prevista para ser realizada este ano. Havia, inclusive, autorização da obra por parte do gerente do ativo. A gerência da plataforma, visando à redução do custo da obra, reduziu drasticamente os trechos a serem trocados. Com isso, continuamos com diversas linhas com “bacalhaus” e outras estourando constantemente.
– Caisson de produção funcionando parcialmente há mais de 10 anos, oferecendo grande risco de contaminação de água do mar.
– Nível alarmante de ferro na água há anos.
– Apenas um operador trabalhando à noite. Recentemente, tentaram “tapar o buraco”,
colocando um profissional da manutenção no turno noturno.
– Acúmulo e desvio de função do pessoal de hotelaria. Sobrecarregando empregados e
causando uma situação crítica em relação à higiene.
– Operador de rádio atendendo a mais de uma plataforma durante a noite.
– Camarotes descumprindo o anexo 2 da NR-30. Está sendo executada obra de troca do
mobiliário, que ao invés de adequar a unidade à norma, está colocando uma cama a mais em cada camarote, sendo que cada banheiro, com 1 vaso e 1 chuveiro, atenderá a 10 empregados. Ainda, temos camarotes que abrigam 8 empregados, cada.
– Laboratório de química com menos de 4m², com ventilação insuficiente e improvisada.
– Empregados com certificados vencidos (NR-10, brigada, salvatagem, survival), atuando normalmente, pois há assédio moral em caso de recusa.
– Diversos casos de adulterações na escala, para atender à gerência, sem pagamento de hora-extra. Também nesses casos existe assédio moral em caso de recusa.
– Há cerca de um ano, estivemos sob administração do gerente Pavesi, que realizou uma
série de medidas visando otimizar custos. Tais medidas foram desde a redução do pessoal de hotelaria, passando pela diminuição do efetivo de manutenção, a terceirização dos profissionais de saúde, fim dos cursos de capacitação profissional, redução dos recursos de informática, cobrança de ligações telefônicas, abandono de qualquer prática que promova a confraternização dos empregados, até o fim de quaisquer investimentos no bem-estar dos empregados. Entristece-nos o fato de que não são denúncias isoladas, o gerente em questão já foi denunciado por companheiros de outras unidades, inclusive denúncias de comportamento autoritário e desrespeitoso, absolutamente incompatíveis com o código de ética da empresa. Entretanto, a resposta da empresa foi defendê-lo, via comunicação interna.
Sentimo-nos abandonados, somos profissionais que estão sob a guarda da empresa durante 14 dias. Não podemos ir para a casa todos os dias, precisamos dessa sensibilidade por parte dos gestores. Queremos o mínimo de condições de bem-estar, higiene e segurança. Só assim poderemos nos concentrar unicamente em trabalhar da maneira mais profissional possível e voltar para casa em segurança.
Ao encerrar, desejamos mais respeito e dias mais seguros. Agradecemos a coragem dos companheiros que levantaram suas denúncias e solidarizamo-nos com os que passam por situações semelhantes, lembrando que estaremos sempre disponíveis para lutar pelo bem comum da categoria.
Empregados de Carapeba 2.