Por José Maria Rangel, coordenador da FUP
Quando, em 2009, a ex-diretora da Exxon disse que a lei da Partilha iria “prejudicar os fornecedores americanos”, estava claro a guerra política que se instalava no país graças a maior descoberta do mundo do petróleo no século atual, o Pré-Sal brasileiro.
Contudo, num mercado globalizado e de alta movimentação de capital, como o do petróleo, não é apenas no lobby que as grandes empresas atuam, mas também na disputa ideológica seja pela mídia tradicional, seja pelos patrocínios na formação da ideologia neoliberal, através de Ongs mundiais.
No Brasil, é claro e notório que a imprensa tradicional defende uma agenda privatista em torno do petróleo, mesmo sendo uma prática que nunca rendeu frutos ao país (a Petrobrás dos tempos de FHC sofreu momentos deploráveis como o afundamento de uma plataforma) e, também, rechaçada no mundo todo, afinal, grandes produtores de óleo e gás protegem suas reservas com afinco.
Aliás, destaco aqui um ótimo trabalho do Dieese sobre a importância das estatais para a economia mundial.
No sentido, então, de fazer um contraponto à avalanche privatista que inunda nosso país – a despeito da opinião pública (colocar a pesquisa da população contra a privatização) – a Federação Única dos Petroleiros lançou um Instituto de Pesquisa para fazer a discussão sobre nosso petróleo pelo viés nacionalista e soberano, e, claro, dentro da visão dos trabalhadores e trabalhadoras que compõem o setor de óleo e gás do país.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), nasceu após uma experiência da categoria petroleira em discutir os rumos da empresa com a Pauta Pelo Brasil em 2015, que culminou em uma das greve mais fortes da categoria e identificou que os trabalhadores e trabalhadoras do petróleo tinham totais condições de indicar os melhores caminhos para Petrobrás e demais empresas do setor.
O grupo de economistas, cientistas sociais e petroleiros se reúnem já há algum tempo e produziu trabalhos importantes na defesa dos investimentos da empresa; destacando a importância das empresas estatais e lembrando a importância do Pré-Sal.
Vale destacar, ainda, que o nome Zé Eduardo Dutra – ex-senador e ex-presidente da Petrobrás – foi escolhido, justamente, para demonstrar como ações de cunho nacionalistas e que consideram a Petrobrás uma empresa do país, e não do mercado, culminam em resultados importantes para o país, como a reconstrução da indústria naval (que os golpistas querem destruir de novo); a descoberta do Pré-Sal e o crescimento da participação da Petrobrás no PIB nacional, que saiu de 2 para 13% em 2013.
Uma nova discussão sobre o petróleo não só é possível, como é crucial para manutenção da soberania nacional. Assim como a criação da Petrobrás nasceu numa vitória dos nacionalistas do “o petróleo é nosso”, a sobrevivência da empresa passará por uma disputa fortemente ideológica e, nesse ponto, os petroleiros e petroleiras do país estão preparados para o embate.
Acompanhe os estudos e pesquisas do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra acessando www.ineep.org.br