Petroleiros manifestam preocupação com subsídio da Petrobrás à Usina Siderúrgica do Ceará

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Os dirigentes da Federação Única dos Petroleiros estão bastante preocupados com os impactos que um provável subsídio da Petrobrás à Usina Siderúrgica do Ceará poderá ter sobre os postos brasileiros de trabalho na indústria local de construção de navios e plataformas de petróleo. A FUP relatou o fato à Ordem dos Advogados do Brasil, que se dispôs a apurar prováveis irregularidades nos atuais termos do contrato que está sendo negociado. Os acionistas da Usina – a siderúrgica coreana Dongkuk Steel, a empresa italiana Danieli e a Companhia Vale do Rio Doce – estão pressionando o governo federal e a direção da Petrobrás a cumprirem um suposto protocolo de intenções firmado em 1996, onde a estatal teria se comprometido a fornecer gás natural à usina a preços subsidiados. Segundo o “acordo” discutido na época, a Petrobrás prometia cobrar pouco mais de US$ 1 por milhão de BTU, valor que naquela ocasião já estava bem abaixo do mercado. Hoje, o gás natural é negociado a seis vezes mais – US$ 6 por milhão de BTU.

Apesar da questão financeira ser preponderante neste debate, a maior preocupação da FUP é com o impacto que este subsídio da Petrobrás poderá ter para a indústria brasileira, em especial o setor naval, que foi revitalizado nos primeiros quatro anos do Governo Lula, através de uma política de geração de empregos que teve participação direta dos trabalhadores, inclusive dos petroleiros. A Petrobrás é a empresa que alavancou a indústria de construção naval no Brasil, através de encomendas como as plataformas de petróleo P-51 e P-52 e dos 22 navios da Transpetro.

Uma das principais sócias da Usina Siderúrgica do Ceará é justamente a sul-coreana Dongkuk, uma das principais fornecedoras de chapas de aço para os estaleiros coreanos que competem diretamente com a nossa indústria naval. Através do gás subsidiado pela Petrobrás, as placas de aço que serão produzidas e exportadas pela siderúrgica terão um preço bem menor no mercado mundial – especialmente na Coréia – em relação as que são produzidas no Brasil.

A Coréia do Sul, país sede da Dongkuk Steel, é o maior produtor mundial de navios e plataformas offshore e, logicamente, o principal concorrente da indústria naval brasileira. Portanto, há riscos sérios de que este provável acordo entre a Petrobrás e a Usina Siderúrgica do Ceará, nas condições em que está sendo divulgado, cause impactos negativos na indústria naval brasileira, comprometendo os milhares de postos de trabalho gerados no primeiro mandato do Governo Lula. Esse é um debate que precisa ser feito às claras com os trabalhadores e a sociedade civil organizada antes que qualquer decisão da Petrobrás e do governo seja tomada.