A resposta dos petroleiros à desintegração do Sistema Petrobrás será a aprovação de uma greve nacional. Este é o caminho que está sendo apontado nas assembleias setoriais que os sindicatos estão realizando ao longo desta semana, em atendimento aos indicativos do Conselho Deliberativo da FUP. O anúncio de privatização das refinarias, dutos e terminais feito ontem (19/04) pela diretoria da empresa reforçou o entendimento da categoria de que é preciso reagir de forma contundente ao desmonte que ameaça transformar a Petrobrás em uma empresa de escritório, com todos os segmentos privatizados.
Nas unidades que estão na lista de privatização anunciada por Pedro Parente, os trabalhadores estão indignados e a reação já começou, com atrasos e paralisações no início do expediente desta sexta-feira, 20. Na Repar (PR), Refap (RS), Rlam (BA) e Abreu e Lima (PE), os petroleiros atenderam ao chamado dos sindicatos e aderiram massivamente às mobilizações, deixando claro que não aceitarão a entrega das unidades.
Nos terminais da Transpetro, que também estão na lista de privatização, houve mobilizações em várias unidades do país, bem como em outras refinarias e demais unidades do Sistema Petrobrás, onde os trabalhadores estão reafirmando que essa é uma luta de toda a categoria e que não há salvação individual. O golpe atinge a todos e só há saída coletiva para essa situação caótica que vive o país.
“O Brasil e os trabalhadores estão pagando a conta amarga do golpe que foi dado em nossa democracia e que está ferindo de morte a nossa soberania nacional”, afirma o diretor da FUP, Deyvid Bacelar, que é trabalhador da Rlam e coordenador do Sindipetro Bahia.
“Os atos de hoje foram apenas o começo da guerra que temos pela frente contra Pedro Parente e os demais golpistas da direção da empresa e governo federal. As reuniões setoriais estão debatendo as formas de ação contra a privatização e logo em seguida serão convocadas assembleias para deflagrar uma grande greve por tempo indeterminado. Será o maior desafio da atual geração de petroleiros”, explica Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro PR/SC e petroleiro da Repar.
“Mais do que nunca, agora é a hora de resistência, da unidade e da construção de uma grande greve, maior que a realizada em 1995, para barrar todas as tentativas desse governo entreguista”, afirma Fernando Maia, diretor da FUP, operador da Refap e presidente do Sindipetro-RS, que também é trabalhador da Refap. Ele lembra que os trabalhadores da refinaria lutaram mais de dez anos para reverter a privatização de FHC e não irão permitir que isto se repita.
Rumo à greve
Entre os dias 30 de abril e 12 de maio, os sindicatos realizam assembleias para que a categoria petroleira se posicione sobre o indicativo de aprovação de uma greve nacional por tempo indeterminado, com data a ser definida pela direção da FUP. O indicativo foi definido durante o Conselho Deliberativo realizado no dia 12 de abril, em Curitiba. Só com uma reação contundente e coletiva, os petroleiros conseguirão estancar as privatizações no Sistema Petrobrás e as retiradas de direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados.