Mais de 50 petroleiros e petroleiras terceirizados da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), de Cubatão, pediram demissão em massa da terceirizada Allcontrol na manhã desta segunda-feira (27), no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) do município.
Eles se revoltaram contra um ‘acordo’ injusto da Justiça do Trabalho que não reconheceu o Sindicato dos Metalúrgicos como representante legítimo da categoria, definindo multa diária de R$ 50 mil, caso os trabalhadores, em greve desde a segunda-feira (21), não voltassem aos seus postos de trabalho. Além disso, o juiz se negou a ouvir os relatos sobre os abusos e irregularidades cometidas pela empresa.
A Audiência de Conciliação foi realizada na Justiça do Trabalho na sexta-feira (24). Os trabalhadores mantiveram a greve e hoje pediram demissão alegando que a decisão do juiz foi completamente alinhada à expectativa patronal.
Os abusos da Allcontrol que o juiz não quis ouvir
Desde que assumiu o contrato na Refinaria Presidente Bernardes, em outubro de 2019, a Allcontrol, que presta serviço de manutenção, instrumentação e elétrica para a Petrobrás, vem cometendo uma série de abusos e arbitrariedades contra os trabalhadores e trabalhadoras e à liberdade de organização sindical.
A terceirizada reduziu em até 50% os salários que vivem sendo pagos com atraso, cortou o vale alimentação e oferece um plano de saúde precário aos trabalhadores. Para se ter uma ideia da situação, eletricistas que no contrato anterior, um ano antes, recebiam R$ 3.100,00 estavam recebendo R$ 1.830,00.
Além disso, a empresa se recusa a reconhecer o Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista como representante legítimo da categoria, transferindo unilateralmente esse papel ao Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, que nunca atuou no Sistema Petrobrás.
De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), o comportamento das terceirizadas tem sido o mesmo em diversos contratos assinados, desde que a atual gestão da Petrobrás decidiu aceitar empreiteiras sem nenhuma estrutura financeira para reduzir custos com contratos.
“Primeiro, as empresas rebaixam os salários para preservar o lucro, depois não suportam as exigências do serviço firmado e a insatisfação dos trabalhadores e, por fim, quebram. Quem paga a conta é a força de trabalho, que fica sem receber seus direitos trabalhistas. Além dos empresários aventureiros, quem ganha são os acionistas majoritários da empresa, cujo lucro é sustentado pela exploração e sofrimento de centenas de pais e mães de família”, afirma a direção do Sindipetro LP.
Para os sindicalistas, a direção da Petrobrás tem responsabilidade direta sobre esse drama e o mínimo que deve fazer é suspender o contrato com a Allcontrol, celebrar contrato emergencial com empresa que respeite a Tabela Salarial Unificada, contratando toda a força de trabalho que – sem alternativa – foi forçada a pedir demissão para preservar sua dignidade.
Os trabalhadores ficam, a Allcontrol sai!, diz nota do Sindipreto-LP que você pode ler na íntegra aqui.
[imprensa CUT]