Ao final de quatro dias de debates, os petroleiros que participaram da I Plenária Nacional da FUP deliberaram que a campanha em defesa de uma nova lei do petróleo deve continuar sendo priorizada pela Federação. A PlenaFUP reuniu 143 delegados na Escola Latino Americana de Agroecologia, entre os dias 02 e 05 de julho, no Assentamento Contestado, no Paraná. A unidade com os trabalhadores rurais e demais categorias, assim como os estudantes e outros movimentos sociais, também foi referendada na plenária, que aprovou ainda a filiação da FUP a duas importantes entidades sindicais internacionais: ICEM e OIS. O objetivo é ampliar a luta dos trabalhadores por soberania energética e justiça social. A PlenaFUP também aprovou uma mobilização nacional contra as punições praticadas pela Petrobrás e um calendário unificado de luta pelo restabelecimento do extraturno (dobradinha).
Plano de lutas
- Mobilização dia 16 em Brasília por uma nova lei do petróleo e uma Petrobrás 100% estatal e pública;
- Denúncia das práticas antisindicais da Petrobrás à OIT, ICEM e FSM, entre outras ações políticas para reverter as punições contra os trabalhadores;
- Agenda nacional de mobilizações pelo extraturno, com paralisações de 8 horas nos turnos das unidades da Petrobrás, durante os feriados nacionais;
- Ato nacional contra as punições praticadas pela Petrobrás, na data em que a FUP e os sindicatos apresentarem à empresa a pauta de reivindicações dos trabalhadores. Terá como eixo “Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo”;
- Adesão à luta das centrais sindicais pelas 40 horas semanais e em defesa da Convenção 158 da OIT (que garante proteção aos trabalhadores contra as demissões imotivadas);
- Integração à jornada de luta latino-americana e caribenha, no dia 14/08, em defesa da soberania dos povos sobre os recursos energéticos e a água.
Passeata dia 16, em Brasília
Uma grande passeata, no próximo dia 16, abre o calendário de lutas aprovado na PlenaFUP. A manifestação reunirá cerca de dez mil estudantes e jovens de 27 estados do país que estarão em Brasília, participando do 51º Congresso da UNE. A FUP, a CUT, a CTB e a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) se somarão à mobilização, que terá como eixo a defesa do controle estatal e social das reservas de petróleo e de uma Petrobrás 100% estatal e pública. A FUP orientou os sindicatos a organizarem caravanas com os movimentos sociais para fortalecer o ato em Brasília. A concentração será às 14 horas, no Teatro Municipal, em frente à Catedral.
Desde março, a FUP já realizou atos e manifestações por uma nova lei do petróleo em nove estados do país, arregimentando os movimentos sociais, sindicais e estudantis. A luta continua pelo país afora, através dos comitês estaduais, que têm mobilizado a sociedade em torno desta questão. A importância do controle estatal e social sobre as reservas de petróleo e o fortalecimento da Petrobrás enquanto empresa pública e estatal é um dos temas do Congresso da UNE.
“Um dos objetivos do Congresso é ratificar a importância do envolvimento dos estudantes na luta pela soberania nacional. Os estudantes entendem que os recursos do pré-sal podem pagar uma divida social com a sociedade e garantir grande qualidade de vida para a população brasileira, no futuro, e também compreendem que a CPI da Petrobras representa um atraso na mudança da lei do petróleo. Por isso, mais uma vez, os estudantes saem às ruas, certos de que através da união dos movimentos estudantis e sociais, vivenciaremos uma nova mudança histórica no Brasil”, revela Lúcia Stumpf, atual presidente da UNE.
Campanha do Globo contra sindicalistas reforça luta pela democratização da comunicação
A democratização dos meios de comunicação foi um dos temas abordados na I Plenária Nacional da FUP, que apontou a importância deste debate ser priorizado pelos sindicatos. Prova disso é a reportagem de capa do jornal O Globo, publicada no último dia 05, intitulada “A república sindicalista instalada na Petrobrás”. Para tentar atacar a estatal e alimentar a CPI privatista, a reportagem pinçou entre os 4.910 gerentes da empresa, 22 que já foram sindicalistas (0,5% do total). Um passado condenável, segundo o jornal. Mais do que destilar preconceito contra os trabalhadores sindicalizados, O Globo induz o leitor a pensar que ser sindicalista é crime. Não por acaso, o jornal volta a reproduzir a mesma expressão (‘’república sindical”) utilizada no governo Jango para referendar o golpe militar.
Para a FUP, a reportagem é ofensiva com a representação dos trabalhadores, preconceituosa e claramente tendenciosa. Citada algumas vezes na matéria, a Federação sequer foi procurada, muito menos ouvida pelo jornal. O Globo faz o que sempre fez: incitar o preconceito de classe, legitimar o pensamento das elites, criminalizar os movimentos sociais. Não é de hoje que a mídia brasileira distorce fatos e é tendenciosa. Vide o golpe militar, em 1964, que teve apoio maciço dos veículos de comunicação da época. Em fevereiro deste ano, a Folha de São Paulo publicou um editorial tratando a violenta ditadura como “ditabranda”. Cerca de 500 manifestantes realizaram um ato público em frente à sede do jornal, onde foi lido um manifesto com oito mil assinaturas de brasileiros repudiando o editorial. Por conta deste episódio, a Folha amargou uma perda de pelo menos dois mil assinantes.
Nas entrelinhas
Não é novidade para ninguém que os setores de direita da Petrobrás estão por trás da maioria dos ataques que a empresa tem sofrido na mídia e no Senado, visando à instalação da CPI privatista. Paulo Brandão e Ronaldo Tedesco, recém eleitos para os Conselhos da Petros, fazem oposição à FUP e já haviam municiado anteriormente O Globo contra o movimento sindical cutista, em matéria publicada no dia 14 de junho. Pelo que tudo indica, há uma aliança em curso entre a direita da Petrobrás, esses conselheiros e as associações de aposentados, nos ataques ao governo, à FUP e à CUT.
Com a palavra, o leitor!
Censurados na seção Cartas do Globo, vários leitores buscaram os meios alternativos de comunicação na internet para expressarem sua indignação em relação aos ataques preconceituosos do jornal ao movimento sindical brasileiro.
“República dos sindicalistas? Essa foi a desculpa para se pedir o golpe militar. O Globo fez isso em 1964, dizendo que o Jango estava articulando um golpe para instituir a tal república dos peões. E repete agora, 25 anos depois.” – Juliano Guilherme, no Blog do Luis Nassif.
“O Globo fere a ética jornalística, fere a Constituição e incentiva o preconceito. O que ocorreria se a manchete fosse contra os judeus? Ou contra os negros? Ou contra os dentistas? Ou contra os ciclistas? Preconceito é crime!” – Maria Cordeiro, no Blog Fatos e Dados.
“Oh, meu Deus, sou representante sindical na escola em que trabalho e, segundo a lógica d’O Globo, jamais poderei ser diretora de escola nem supervisora escolar, mesmo que faça pós em administração/supervisão escolar e passe em concurso!” – Silvana no Blog do Luis Nassif.
Greve na REPAR
Cerca de dez mil trabalhadores que atuam na ampliação e manutenção da Repar e da Fosfértil, no Paraná, estão em greve por tempo indeterminado desde o dia 07 de julho. As 31 empresas contratadas para as obras se negam em abrir negociação em torno de uma pauta unificada de reivindicações. Os trabalhadores lutam por piso de R$ 897,60, correção salarial pelo INPC, 20% de aumento real, cesta-básica, fim do contrato por obra certa, entre outras reivindicações.