Por que marchamos?

Conceição de Maria*

No dia 30 de julho será realizada, em Copacabana, a III Marcha das Mulheres Negras, a partir das 9h, que consolida o protagonismo nas ruas em que o povo brasileiro se faz presente para dizer não às injustiças e toda a forma de repressão e a negação aos direitos ora conquistados.

Por que marchamos? Essa indagação ou outras indagações se demandam porque há estereótipo de que a marcha das mulheres negras exclui outras mulheres; digo que não, por quê?

A marcha é para denunciar os retrocessos na política de igualdade racial, na política de direitos humanos e na política para as mulheres. Avançamos nas políticas públicas, a partir dos anos de 2003, com a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres e da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial, que eram espaços que garantiam a chegada das vozes de mulheres, negros e negras do Brasil.

O Relatório Anual da Anistia Internacional – 2017 aponta a perda e o desmonte dos programas que garantem a proteção dos direitos aos indivíduos porque sem eles o debate se paralisa.

Essas mulheres que estão em todos os cantos do país lutam pela liberdade e pelo respeito às tradições das religiões de matrizes africanas, reconhecimento das comunidades quilombolas, defesa da cultura afro-brasileira e proteção da juventude negra contra todas as formas de violência que, em 2016, apresentam na estatística oitocentas e onze pessoas mortas pela violência urbana, na sua maioria negro(a)s, no Estado do Rio de Janeiro.

Vamos juntas mulheres negras e de todas etnias, homens, jovens e crianças unidos para a marcha da celebração da vida, para a marcha para concretização das lutas que nos indicam nenhum direito a menos e eleições urgentes, já.

*Diretora do Departamento de Formação do Sindipetro-NF.