Precarização do trabalho aumenta com desregulamentação e individualismo

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A retomada de um projeto coletivo é o principal desafio em tempos de extremo estímulo ao individualismo e à competição entre os trabalhadores. Esse foi o ponto central das exposições da mesa realizada há pouco, no Seminário Nacional dos Petroleiros Terceirizados e do Setor Privado, que unificou os temas “Precarização do Trabalho” e “O impacto das Reformas na vida dxs trabalhadorxs”, com Iderlei Colombini, do Dieese, e Eliane Martins, da Escola Nacional Florestan Fernandes. A moderação foi do diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto.

Iderley, que falou sobre a precarização do trabalho, mostrou como esta noção teve origem na década de 1980 entre os chamados países de primeiro mundo, em um cenário de perda de direitos trabalhistas e sociais, mas que não serve com precisão para descrever a realidade do trabalhador brasileiro, que “sempre foi precarizado”. Ele lembrou que a primeira greve feita no Brasil, em 1917, foi justamente contra o trabalho infantil. Nesta época a média de trabalho era de 12 horas diárias e a média de idade entre os trabalhadores era de 12 anos.

Atualmente, lembra o técnico do Dieese, o trabalho se precariza por meio de uma crescente desregulamentação, com a criação da noção de que “o trabalhador é empresário de si mesmo e está em permanente competição com os demais”.

O impacto é maior ainda no ambiente da terceirização, uma precarização da relação do trabalho em sua origem. Dados de 2017 mostram que a média de rotatividade entre os terceirizados é de 60%, enquanto para os primeirizados é de 20%. Os terceirizados permanecem, em média, 34 meses no mesmo emprego, enquanto os primeirizados permanecem 70 meses.

Exploração e violência

Eliane Martins, que falou sobre as reformas, destacou raízes históricas da exploração do trabalho e do autoritarismo brasileiro, em uma trajetória marcada pelo colonialismo e pela escravidão. “Nascemos como uma empresa voltada para fora, em que a força de trabalho nem era gente, era coisa”, disse, referindo-se à condição do escravo no Brasil Colônia. Essa formação histórica deixou como traços a desvalorização do trabalho manual e o estado violento.

Lembrando Florestan Fernandes, Eliane afirmou que “a elite brasileira é tão conservadora, tão cruel, que reformas estruturais têm um caráter de revolução”. Em razão disso são criadas tantas resistências a mudanças, dentro do próprio ambiente do capitalismo, que gerassem justiça social, como a reforma agrária e reformas urbanas que incluam as pessoas.

Para ela, este cenário só pode ser revertido com “força organizada, que sabe o que está fazendo e para onde está indo”, uma tarefa essencialmente do movimento sindical. “Podemos ter vários motivos para a desesperança, mas temos todos os motivos para lutar”, afirmou.