Vítor Peruch e Guilherme Weimann / Da Imprensa do Sindipetro Unificado – A 12ª Plenafup iniciou nesta segunda-feira (4) com a realização da Mesa 1: Conjuntura Nacional, que reuniu lideranças políticas e sindicais para uma análise crítica do cenário brasileiro e dos impactos do atual momento político sobre a classe trabalhadora.
A mesa teve início após a eleição da mesa diretora da plenária, a aprovação do regimento interno e a apresentação das teses das correntes políticas presentes no encontro.
Com mediação do coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, e do presidente do Sindipetro CE/PI, Fernandes Neto, o debate contou com a participação da deputada estadual pelo PT em Pernambuco, Rosa Amorim; da vereadora do PSOL em Aracaju (SE), Sônia Meire; e do presidente do PCdoB do Rio Grande do Norte, Divanilton Pereira. A transmissão foi feita ao vivo pelos canais da FUP.
Durante a atividade, os participantes abordaram temas como a necessidade de mudanças estruturais para o avanço dos direitos da classe trabalhadora, a disputa geopolítica internacional, o fortalecimento do Sul Global e a defesa da soberania nacional.
“Defender a Petrobrás é defender a soberania nacional”
A deputada Rosa Amorim iniciou sua fala ressaltando o papel estratégico da Petrobrás e a importância da luta da categoria petroleira: “Queria começar com uma fala essencial: defender a Petrobrás é proteger o Brasil, é defender nossa soberania nacional. É sempre importante lembrar do papel dos petroleiros e petroleiras e da FUP, que dá um exemplo muito importante de luta e resistência para dizer que nossa soberania pertence ao povo brasileiro e nossas empresas devem ser públicas e estatais”.
A deputada destacou ainda as mudanças no cenário internacional: “Os Estados Unidos não ditam mais o mundo como antes. É da articulação dos Brics e do Sul Global que virá a força de combate”.
Rosa também denunciou o genocídio do povo palestino e criticou o avanço da extrema-direita: “Vemos a burguesia ocupar a linha de frente da política promovendo o crescimento vertiginoso de uma das maiores pragas da política chamada ‘extrema-direita’. Esta extrema-direita espalha o ódio, oferece respostas fáceis para problemas sociais complexos, manipula o debate com fake news e sequestra nosso imaginário popular”.
Relembrando retrocessos como o golpe contra a presidenta Dilma e a eleição de Bolsonaro, ela afirmou: “Nosso povo resistiu e conseguimos vencer uma grande batalha em 2022, mas foi por uma margem pequena. Ainda enfrentamos uma extrema-direita no Congresso Nacional e travamos batalhas por medidas que deveriam ser estruturais. Trump deu ao povo brasileiro a ilusão de disputar a sociedade, dividindo mais uma vez este país, mas escancarando quem de fato defende a soberania nacional”.
“Fazer um Brasil novo vai exigir um grande esforço nosso”
Em sua fala, a vereadora Sônia Meire celebrou a defesa da unidade dos trabalhadores: “Como sindicalista, sei da importância da unidade dos trabalhadores e trabalhadoras e fico feliz de ver vocês apontando aqui esse caminho. Uma unidade voltada para a defesa da soberania nacional e da Petrobrás como instituição fundamental para isso”.
Segundo a vereadora, a atual conjuntura exige estratégias econômicas, políticas e geopolíticas: “O modelo de país que querem impor nos transforma em uma colônia exportadora de matéria-prima. A proposta da privatização não se limita à economia: ela vem acompanhada de um discurso ideológico que diz que o que é público não presta”.
Ela também alertou sobre a aliança entre neoliberalismo e fundamentalismo religioso: “Essa ofensiva se aprofundou com o neopentecostalismo, que atua como o braço forte do capitalismo. Hoje temos uma bancada imensa de fundamentalistas religiosos combatendo nossos direitos. Sempre que você diminui políticas públicas, precisa de força para conter a reação popular.”
Meire ainda relatou os impactos da saída da Petrobrás do estado de Sergipe e fez um apelo: “Se um dia eu estiver na porta da Petrobrás, defendendo sua volta, estarei também ao lado dos extrativistas, pescadores, ribeirinhos e diversos trabalhadores que foram afetados. Fazer um Brasil novo vai exigir um grande esforço. Para isso, o governo e seus ministérios precisam dialogar com os trabalhadores, sindicatos, populações indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Onde a Petrobrás estiver, ela precisa ser construída com a força da classe trabalhadora — inclusive a que está do lado de fora dela — para garantir um desenvolvimento justo e não excludente”.
“Precisamos de ampla unidade para disputar a consciência do povo”
Em sua contribuição, o presidente do PCdoB do Rio Grande do Norte, Divanilton Pereira, destacou: “Esse movimento não é novo. Por isso, consideramos que o Brasil, por seu tamanho e posição, tem um papel estratégico no mundo”. Sobre a situação geopolítica global, foi categórico: “O movimento de Trump corresponde ao declínio de um império. E todo império em agonia é perigoso — bélico em suas ações políticas, econômicas e sociais. É isso que estamos vivendo”.
Para ele, o Brasil escolheu um caminho político claro: “Nosso país não será subserviente aos valores reacionários dos Estados Unidos. Pelo contrário. Não é à toa que o principal banco do Brics é liderado por uma ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Esse é o papel que o Brasil deve cumprir”.
Divanilton encerrou com um chamado: “Precisamos de uma ampla unidade política. Politizar e debater com a classe trabalhadora essa grande batalha é uma questão chave para o povo brasileiro”.
O evento segue até quinta-feira (7), com mesas temáticas, grupos de trabalho e deliberações que irão orientar as campanhas e ações da categoria para o próximo período. Amanhã (5), a programação da 12ª Plenafup continua com um ato nacional na entrada da Refinaria Abreu e Lima, organizado pelo Sindipetro PE/PB.