Privatização levou Petrobrás à concentração no Sudeste e a maior redução de empregos no Nordeste

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Da Imprensa da FUP – Em nove anos, o número de trabalhadores da Petrobrás no Brasil caiu 43%, passando de 53 mil empregados diretos em 2013, para 37,6 mil em 2022. Todas as regiões do país encolheram. Porém, o Nordeste foi o que mais perdeu mão de obra, 76% no período. E o Sudeste registrou o menor recuo de pessoal, 29%, indicando concentração da estatal nesta região, ao longo dos últimos anos.

Os dados foram levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/ subseção Federação Única dos Petroleiros -FUP). Eles mostram que a Petrobrás no Nordeste conta hoje com apenas 4,1 mil trabalhadores, contra 17,4 mil pessoas em 2013. No Sudeste, o total de 53 mil empregados foi reduzido para 37,6 mil em final de 2022.

O estudo será encaminhado pela FUP ao presidente Lula e ao presidente da Petrobrás , Jean Paul Prates, como subsídio de informação para a formulação de um novo plano estratégico para a empresa.

Segundo o economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine, o comportamento reflete o processo de privatização da Petrobrás, “com a estratégia deliberada de reduzir a participação do Nordeste e focar a atuação da empresa no Sudeste, com a concentração em ativos mais rentáveis, maiores lucros e dividendos para acionistas”.

Com total de 34 ativos alienados pela Petrobrás , no valor de US$ 8,1 bilhões, os estados do Nordeste foram campeões em volume de vendas, respondendo por 42% das unidades privatizadas pela empresa no país e por 16% do montante arrecadado, entre 2013 e 2022.

“O desmonte da Petrobrás no Nordeste atingiu sobretudo a Bahia, com a venda de 14 ativos, entre eles a refinaria Landulpho Alves (Rlam), no município São Francisco do Conde, e sua infraestrutura logística, transferida ao fundo árabe Mubadala por US$ 1,8 bilhão, preço 50% abaixo do valor de mercado”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. A FUP e o Sindipetro Bahia lideram ações na Justiça e em órgãos de controle contestando a venda da refinaria.

Somente a Bahia respondeu por 50% (US$ 4 bilhões) das receitas de privatização obtidas pela Petrobrás na região nordestina. Em seguida, vem o Rio Grande do Norte , com 11 ativos comercializados , no montante de US$ 2 bilhões, e marcado sobretudo pela saída da Petrobrás do setor de energia eólica.

Cararine, do Diesse/FUP, observa que, nos últimos nove anos, a Petrobrás vendeu 96 ativos , sendo 82 no Brasil e 14 no exterior , no valor de US$ 58,5 bilhões. A gestão Bolsonaro foi a que mais alienou unidades da Petrobras, no total de 68.

“O governo Lula já suspendeu a privatização de ativos da Petrobrás, colocando fim à sangria da maior empresa do país e do patrimônio nacional “, destaca Bacelar, criticando ainda a falta de transparência e o açodamento do processo de liquidação de unidade da estatal implementado pelo governo passado.