Petroleiros realizaram na manhã de hoje (14), no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes (RJ), um Ato Público para lembrar a passagem dos 13 anos da explosão e afundamento da plataforma P-36, na Bacia de Campos, que causou as mortes de 11 trabalhadores da brigada de emergência, em 15 de Março de 2001.
Organizado pelo Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense), o protesto manteve os voos para embarques nas plataformas da região suspensos no período das 7h às 10h.
Cerca de 70 trabalhadores participaram da manifestação, além de dirigentes sindicais, pensionistas e parentes de vítimas de acidentes de trabalho.
Para Marilena Sousa, viúva do petroleiro Josevaldo Dias de Sousa, morto na P-36, participar do Ato Público é uma forma de alertar aos mais jovens sobre a necessidade de defender a segurança no trabalho.
“É comum que os jovens se considerem imortais, que acreditem que acidentes só acontecem com os outros”, afirmou Marilene, que possui um filho, de 25 anos, que atualmente trabalha embarcado e continua a viver a apreensão pela sua volta segura para casa.
Além de Marilena, a viúva do petroleiro Emanuel Portela Lima, outro trabalhador morto na P-36, Luzineide Santana Lima, participou do protesto e deu o seu depoimento. “Estou aqui em memória do meu esposo, que sequer tive como sepultar. Eu olho para o mar e vejo o túmulo dele”, disse.
O técnico de química Paulo José dos Santos, irmão do petroleiro Sérgio dos Santos Souza, que também perdeu a vida na P-36, fez um apelo aos trabalhadores, para que estejam atentos para o tema da segurança todos os dias, para que uma nova tragédia não ocorra.
Luzineide, Paulo e Marilena, familiares de petroleiros mortos na P-36
Segundo dados da FUP (Federação Única dos Petroleiros), desde 1995 ocorreram 330 mortes por acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, estando, entre eles, 266 trabalhadores terceirizados e 61 de efetivos.
Na Bacia de Campos ocorreram 126 óbitos de 1998 até 2013, sendo que 88 foram de terceirizados e 38 de empregados da Petrobras. Apesar do grande número de subnotificações de acidentes (casos não registrados, ou registrados parcialmente), o Departamento de Saúde do Sindipetro-NF recebeu um registro de 1563 Comunicados de Acidentes de Trabalho em 2013, uma média de quatro acidentes por dia.
Os dirigentes sindicais fizeram apelos aos petroleiros para que mantenham o sindicato informado sobre as condições inseguras de trabalho. “Nós conseguimos as interdições de diversas plataformas desde 2010 em razão da participação dos trabalhadores, que fizeram seus relatórios de pendência de segurança e enviaram para a entidade. Documentados, nós partimos para a pressão sobre os órgãos fiscalizadores e cobramos providências. Infelizmente, mesmo depois da tragédia da P-36, a cultura de insegurança da Petrobras não mudou”, afirmou Luiz Carlos Mendonça, diretor do Sindipetro-NF que abriu a sequencia de pronunciamentos dos sindicalistas.
Além de Mendonça, participaram do Ato Público os diretores sindicais Valdick Sousa, Marcelo Abrahão de Mattos, Valter de Oliveira, Francisco José, Aldir Vieira e Marcos Breda. O coordenador geral do sindicato, José Maria Rangel, não esteve na manifestação em razão da sua participação, em outro local, de reunião sobre a situação da plataforma P-62, onde estava sendo discutida a interdição da unidade.
[Fotos: Mary Chrisóstomo]