Imprensa da FUP – Não é só no Brasil que a rejeição ao nome de Jair Bolsonaro atinge um patamar elevado — em pesquisa divulgada pelo Ibope ontem (24), 46% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. No exterior, o candidato do PSL à Presidência gera uma grande antipatia, por conta das declarações preconceituosas e por suas políticas que, por exemplo, aumentam a carga tributária sobre os pobres.
Para o próximo sábado (29), estão programados mais de 30 atos apartidários contra Bolsonaro e o “avanço do fascismo no Brasil”, convocados pelas mulheres brasileiras, organizadas em grupos em redes sociais e na hashtag #EleNão. A onda internacional, até agora confirmada em 24 cidades, 14 países e três continentes, acontece em solidariedade ao povo brasileiro e tem como linha principal a defesa da democracia.
“A imagem racista, homofóbica e reacionária dele é muito forte e amplamente divulgada aqui. Então, de certa forma, é um ato fácil para unir forças e vozes”, disse a estudante Luiza Beloti, do coletivo Vozes Importunas, formado por mulheres que militam em causas de Direitos Humanos e ataques contra a democracia, na cidade de Coimbra, em Portugal, onde o protesto foi organizados por mulheres, cidadãos portugueses e brasileiros que estão morando lá.
Além dos Vozes Importunas, os coletivos EBRAC (Esquerda Brasileira de Coimbra) e UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) estão ajudando nos preparativos para o ato de sábado.
“É muito importante que todos participem, no mundo todo. Para denunciar internacionalmente o que pode vir a acontecer. Porque o ‘muito ruim’ já vem acontecendo, mas ainda pode piorar muito antes que a gente ache uma solução”, disse Beloti, que está terminando um doutorado em arte contemporânea.
Artistas convocam população para os protestos
O sábado de protestos tomará diversas capitais e cidades do interior do Brasil e ganha cada vez mais adesões. Atrizes, cantoras e compositoras, entre elas Tereza Cristina, Bruna Linzmeyer, Daniela Mercury, Anitta, Letícia Spiller, Maria Gadú, Sophie Charlotte, Marília Mendonça, Letícia Colins e Paula Burlamarqui gravaram vídeos de apoio à hashtag #EleNão, lançada pelo movimento Mulheres Unidas contra Bolsonaro.
A expectativa é que o dia 29 seja marcado por grandes mobilizações graças à visibilidade conquistada pelo movimento, depois que, na semana retrasada, a página do movimento no Facebook foi invadida e tirada do ar por defensores do candidato.
“Não quero para presidente um homem que seja a favor da tortura, que defenda os torturadores, que seja racista, misógino, homofóbico e classista. O nosso país vai mudar com diálogo, com amor e com leis que diminuam nossa desigualdade social. Leis que esse homem, como deputado por 27 anos, nunca fez”, disse a atriz Bruna Linzmeyer.
Cantora e compositora sertaneja, Marília Mendonça também apoia a hashtag #EleNão. “A gente não precisa desse retrocesso. Sou uma mulher que batalhei dentro do sertanejo para quebrar todo o preconceito de um mercado completamente machista. Marília Mendonça é #EleNão. Quero que você repense se você precisa desse retrocesso em sua vida. Contra qualquer tipo de preconceito, a favor do amor”, disse.
Por causa de sua mensagem, Marília e sua família passaram a receber ameaças, e por isso ela resolveu apagar o vídeo de seu perfil.
Há violência contra as mulheres que se posicionam contra o candidato do PSL também fora das redes sociais. Administradora do grupo Mulheres Unidas contra Bolsonaro, Maria Tuca Santiago, do Rio de Janeiro, foi agredida na noite de ontem (24) por homens armados, que deram coronhadas e socos no olho da ativista e ainda lhe roubaram o celular. Tuca registrou boletim de ocorrência.
Terra de Martin Luther King
O programa de governo de Bolsonaro para política externa, chamado “O Novo Itamaraty” propõe o afastamento ideológico de países da América Latina e coloca ênfase nos países centrais e no comércio. As incertezas que envolvem a figura do candidato do PSL preocupam os brasileiros que moram nos EUA e deu força para a mobilização contra o fascismo em várias cidades estadunidenses.
“O movimento de Atlanta já tem 60 pessoas confirmadas. Vai acontecer em um centro de direitos civis. Atlanta é a cidade do Martin Luther King, [foi] onde começou a luta pelos Direitos Civis. Eu escolhi lá por ter tudo a ver [o ato] com um centro de proteção dos Direitos Humanos. Vamos fazer de tudo para que este monstro não ganhe as eleições”, disse a gaúcha Adriana Woodward, que também é cidadã estadunidense, e é uma das organizadoras do ato em Atlanta, no estado da Georgia, contra Bolsonaro.
O capitão reformado do Exército já declarou que defende a ditadura e fez elogios ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandava a tortura no DOI-CODI. Recentemente, o vice da chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que famílias chefiadas só por mães e avós são “fábricas de desajustados”, o que gerou uma onda de críticas e ampliou a rejeição à chapa.
Os protestos contra Bolsonaro estão confirmados em três continentes. Confira abaixo os locais confirmados até o momento.
[Com informações do Brasil de Fato e da Rede Brasil Atual]