A crescente ausência de um limite claro entre o mundo do trabalho e a vida pessoal tem levado a um aumento nos adoecimentos psíquicos entre os trabalhadores. Palestrantes na mesa “Saúde Mental X Vida pessoal e profissional”, nesta manhã, no Seminário Nacional dos Petroleiros Terceirizados e do Setor Petróleo, as psicólogas Márcia Guinâncio e Karoline Bandeira chamaram a atenção para o problema.
“A nossa vida afetiva não existe separada do trabalho. O que acontece em um impacta no outro”, destacou Márcia.
Ela alerta que a intensificação do trabalho tem gerado a elevação de doenças como depressão e ansiedade, que por sua vez levam a doenças psicossomáticas como o câncer, o diabetes e a hipertensão.
Márcia Guinâncio afirma que é importante não “naturalizar” os sintomas e criar momentos de escuta nas empresas para os problemas dos trabalhadores. “Temos que falar o que o trabalho está produzindo em nós”, defende.
“A gente acaba naturalizando, se permitindo, trabalhando sob uma gestão do medo”, afirma, lembrando o agravamento do problema pelo cenário de desemprego e perda de direitos.
A psicóloga Karoline Bandeira também chamou a atenção para o modo como as pessoas estão adoecendo em decorrência do trabalho. Ela apresentou dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) que mostram que o Brasil é o país com maior índice de trabalhadores com doenças mentais na América Latina. Na população brasileira, 9,3% sofre com transtorno de ansiedade e 12% com depressão.
Karoline destacou realidades como a do excesso de horas extras, trabalhos pelo Whatsapp mesmo após o expediente e trabalhos nos finais de semana como geradores de um esgotamento que acomete a cada vez mais trabalhadores.