“Desabitação” faz parte do pacote de desmonte feito por uma gestão neoliberal
O diretor do Sindipetro-NF, Wilson Reis, embarcou na segunda, 4, na plataforma PVM-3, para participar de apresentação, pela Petrobrás, do projeto piloto de desabitação da unidade. No boletim Nascente da semana passada, o sindicato tornou pública a sua posição contrária ao projeto, após representantes da entidade terem participado de reunião com gerências da empresa sobre o tema.
“Os trabalhadores estão muito apreensivos em relação ao seu futuro e a segurança da unidade. Eles questionam a falta de comunicação da Petrobrás com o grupo. No caso da desabitação, a plataforma ficará vazia. A manutenção será feita pelos trabalhadores de Pargo, que ficarão indo e vindo de helicóptero para PVM-3. Serão colocadas câmeras para monitorar esse pessoal por terra, através da sala de controle remoto”, explica Reis.
“Em resumo o que se pretende é continuar produzindo pelas salas de controle remotas (SCR´s) com as plataformas desabitadas, sob alegação da necessidade de reequilibrar os custos operacionais daquelas unidades. Na visão dos gerentes o projeto teria vantagens sobre a desativação, já que manteria em escala definida trabalhadores das SCR´s e uma equipe itinerante, que embarcaria nessas plataformas para suprir basicamente as necessidades de manutenção. Para o sindicato, a manutenção de postos embarcados pode ser feita de outra forma, com a mudança da atual política de afretamento que precariza as relações de trabalho e reduz postos de empregados próprios”, disse o coordenador do sindicato, Marcos Breda.
Para o Sindipetro-NF, o projeto reflete um momento de recrudescimento das relações da gestão da Petrobrás para com a força de trabalho. Como tem alertado há mais de um ano, a entidade avalia que os setores conservadores no comando da empresa estão fazendo valer uma agenda neoliberal que se traduz em corte de direitos e de investimentos, venda de ativos, negligência com a segurança, desprezo pelo diálogo com os sindicatos, em um retrocesso de mais de uma década.
O sindicato vai levar a órgãos fiscalizadores o relato sobre os equívocos do projeto da Petrobrás.
Texto publicado originalmente no Nascente 934