Da Imprensa da FUP, com informações de agências de notícias
No sábado,22, saudosos da ditadura militar, tentaram reeditar em várias capitais do páis a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que em 19 de março de 1964 levou às ruas a classe média alta paulistana em pé de guerra com o governo de João Goulart.
Belo Horizonte, em Minas, reuniu cinco manifestantes; Florianópolis, em Santa Catarina, três; Recife, em Pernambuco, seis; e Natal, no Rio Grande do Norte, nove. Em Belém (Pará), as vinte pessoas que posaram para registrar o protesto deixaram a bandeira do Brasil de cabeça para baixo.
Em São Paulo, os direitistas reuniram cerca de 700 pessoas. A presença de policiais, no entanto, era tão grande que o evento mais se pareceu com uma reivindicação da categoria. No Rio, foram apenas cerca de 150 pessoas.
No Twitter e no Facebook, onde usuários publicam dezenas de fotos das marchas em suas cidades, os movimentos já ganharam o apelido de “Murcha da Família” ou então uma definição que caracteriza muito bem o movimento minguado, feita pelo usuário @cellso89: “a Marcha da Família começou em marcha lenta e terminou em marcha ré”.
“Intervenção militar já!”, “o Brasil exige: Ordem e Progresso”, “Socorro, forças” e “eleição não, intervenção sim” foram alguns dos cartazes levantados sobre o golpe. O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) compareceu à marcha do Rio de Janeiro, mas não se posicionou a favor do pedido de intervenção militar, por entender que isso descaracteriza o movimento. “Estou aqui como um patriota”, disse o parlamentar.
Um dos organizadores da marcha no Rio, o cabo da reserva do Exército Emílio Alarcon, ponderou que, apesar dos pedidos de intervenção, a intenção deles não é a instauração de uma ditadura militar. Para ele, as Forças Armadas devem fechar o Congresso e derrubar o Executivo, para convocar novas eleições apenas com candidatos ficha limpa. “A intervenção é constitucional. A gente não está pedindo nada de anormal”, disse ele.
Para reivindicar a intervenção, os militantes desse grupo usaram o Artigo 142 da Constituição, que diz: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
Na interpretação do grupo, tal obrigação de garantir os poderes justificaria a intervenção, já que há problemas institucionais graves que só podem ser resolvidos dessa forma: “seria umreset, formatar de novo o Brasil. Todos os partidos estão envolvidos em corrupção”, argumentou Alarcon.
No protesto de São Paulo, um discurso um tanto confuso. “Eu sou federalista, sou a favor da democracia. Só que a gente não tem certeza se a nossa democracia está sendo exercida. Então, sou a favor de que os militares intervenham, não o regime, apenas para convocar novas eleições com voto impresso, para o povo ter garantia de que o voto que ele está dando está indo para quem ele colocou lá. Não é regime militar”, disse Walace Silvestre.
Os manifestantes da capital paulista, que tinham expectativa de refazer o percurso da primeira edição do evento – da Praça da República até a Praça da Sé – gritaram, por vezes, “fora, Dilma”, e entoaram melodias pedindo a prisão da presidenta e a volta dos militares: “Um, dois, três, quatro, 5 mil, queremos os militares protegendo o Brasil”, e “um, dois, três, Dilma no xadrez”.