Regulamentação das mídias fomentou os debates da primeira noite do Congrenf

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A necessidade da regulamentação das mídias permeou as falas dos dois palestrantes da primeira noite do 10º Congrenf, o jornalista, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas e membro do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, Bruno Cruz e o sociólogo e assessor da Central Única dos Trabalhadores, Alex Capuano. Os dois participaram da palestra sobre Conjuntura política e a atuação da mídia: desafios e a estratégia para os movimentos sociais.

Bruno Cruz alertou que estamos vivendo uma crise de credibilidade dos meios,que é uma crise da mídia grande, que não pode ser confundida com crise na mediação. “Nós nunca precisamos tanto de mediação como hoje. Isso ficou claro nas agressões que os jornalistas sofrem nas ruas durante as manifestações e que repercutem nas agressões sofridas nas redações através de seus editores, que é uma agressão editorial, do assédio moral, das condições de trabalho” – afirmou, lembrando também da agressão sofrida pelo cinegrafista Santiago que culminou em sua morte.

Para Bruno não se deve confundir a crítica que temos à linha editorial da grande mídia com a crítica à mediação, ao trabalho do profissional e que precisa ficar claro para a população. Na realidade o que acontece se dá a concentração dos meios de comunicação, convergência de mídias e pela falta de regulamentação. Isso é péssimo para a democracia.

Ele alerta que, os artigos da Constituição de 88 que tratam democracia nas comunicação da mídia e da sua regulação ainda não foram regulamentados. Hoje, uma mesma família pode ser dona de vários meios de comunicação, não há regras para financiamento público de comunicação e nem regras para esse financiamento.

Os palestrantes que antecederam Bruno, na abertura, falaram dos avanços do Governo Lula e o jornalista considerou a Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), que deliberou por milhares de propostas e a criação empresa pública TV Brasil como duas iniciativas importantes desse Governo.

Os dois palestrantes lembraram da iniciativa das entidades da sociedade civil e do movimento social de organizar para encaminhar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) das Comunicações, para regulamentar o que diz a Constituição em relação às rádios e televisões brasileiras. Alex Capuano sugeriu que fosse realizada durante o Congrenf uma coleta de assinaturas para esse PLIP.

Também frisaram a necessidade dos movimentos pressionarem Dilma à colocar em seu Programa de Governo a regulamentação dos meios de comunicação no país, através dos projetos da CONFECOM, que deem conta da convergência das mídias. Que é o fato das grandes empresas de comunicação, ao prever que não podem concorrer com essa nova tecnologia se aliaram a ela, daí surgiram a convergência, onde as vária mídias podem ser encontradas na internet.

Bruno considera a comunicação como um direito fundamental do ser humano,é um pilar da democracia. “Sem uma imprensa minimamente livre, não se há democracia. Sem saber das coisas que estão acontecendo não teremos como nos posicionar a respeito delas. O fundamental é ter uma estratégia para a comunicação sindical” – comentou Bruno Cruz.

A respeito dos caminhos que a imprensa sindical deve seguir, o diretor da Fenaj, ressaltou a importância de não se repetir nos meios de comunicação o que a grande imprensa faz, como a precarização das relações de trabalho e a interferência no material. “A mídia sindical deve ser reconhecida como mídia dos trabalhadores, que só será respeitada quando o material noticioso não for contaminado pelo editorial. Dessa forma o trabalhador passa a reconhecer aquele trabalho” – ressaltou como fundamental garantir a independência.

“Vivemos um conflito geracional hoje. Esquecemos que os jovens com menos de 25 anos acessam mais a internet do que assistem TV” – afirmou Capuano. Sobre a necessidade de apropriação dos novos meios, Capuano falou sobre a necessidade de utilização das novas tecnologias em proveito da Classe Trabalhadora, pensando em cultura de rede. Para atuar nas redes sugere que os sindicatos tenham um especialista em mídias sociais, que esteja a tomo momento pensando esses canais, com criatividade e bom humor.

 

 

 [Foto: Luiz Bispo/Para Imprensa do NF]