Reunido nesta quarta-feira, 02, no Rio de Janeiro, o Conselho Deliberativo da FUP reafirmou o indicativo de greve por tempo indeterminado a partir do dia 16 de novembro e o prazo até o dia 10 para conclusão do processo de negociação com a Petrobrás e suas subsidiárias. Formado pela direção da FUP e representantes de seus sindicatos filiados, o Conselho Deliberativo também indicou a rejeição da contraproposta apresentada pela empresa no dia 31, bem como a aprovação da greve por tempo indeterminado, com parada e controle da produção.
A FUP orienta os sindicatos a iniciarem as assembléias imediatamente, preparando a categoria para a greve. No próximo dia 11, haverá uma nova reunião do Conselho Deliberativo para avaliar o processo de negociação com a Petrobrás e o quadro de mobilização, que continua aberto, com a FUP buscando uma nova contraproposta, e definir a data da greve, se a empresa não atender os principais eixos da campanha reivindicatória.
No dia 28, a FUP realizou mais uma rodada de negociação com a empresa, levando à mesa reivindicações que haviam sido descartadas pela Gerência de RH nas reuniões anteriores. Durante mais de sete horas de negociação, a FUP também buscou avanços em pontos fundamentais para a categoria, como uma nova política de SMS que defenda a vida, melhoria dos benefícios (AMS, Petros, benefícios educacionais, entre outros), igualdade de direitos, aumento de efetivos, fim das práticas antissindicais, entre outras reivindicações, como reabertura do PCAC, extensão para todos os trabalhadores dos dois níveis concedidos aos profissionais Júnior, ATS, dobradinhas e questões da anistia.
Intensificar paralisações surpresa e “Operação Gabrielli”
Nesta quinta-feira, 03, os trabalhadores do Sistema Petrobrás intensificam a luta por uma nova contraproposta que atenda às principais reivindicações da categoria. O objetivo é pressionar a direção da Petrobrás e do governo a avançar no processo de negociação com a FUP e mostra a força e disposição de luta dos trabalhadores, que já estão se preparando para uma greve por tempo indeterminado, com parada e controle de produção.
Repetindo a estratégia do último dia 27, os petroleiros realizam novas paralisações surpresa em unidades de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Norte Fluminense, Bahia e São Paulo. Além disso, os sindicatos estarão intensificando a “Operação Gabrielli”, cumprindo rigorosamente todos os procedimentos de segurança previstos nas normas de SMS da Petrobrás, mas que são rotineiramente descumpridos pelas gerências.
Mobilizações do dia 27 fortaleceram categoria para a greve
Em estado de greve, os trabalhadores do Sistema Petrobrás realizaram no último dia 27 paralisações surpresa nos terminais de Cabiúnas (Macaé), São Caetano do Sul (SP) e Coari (Amazonas) e na sonda 116, no campo de produção terrestre de Buracica, na Bahia. Também no dia 27, teve início a “Operação Grabrielli”, que vem desmascarando o desrespeito dos gestores da empresa às normas de SMS.
Seguindo as estratégias discutidas nos seminários locais e nacional de preparação de greve com parada e controle de produção, os dirigentes da FUP e sindicatos filiados concentraram esforços nas paralisações surpresa do último dia 27. No Terminal de Cabiúnas, em Macaé, uma caravana do Sindipetro Caxias participou da mobilização, junto com dirigentes da FUP. No Terminal de São Caetano do Sul, a paralisação surpresa também contou com o apoio de dirigentes dos Sindipetros Minas Gerais e Paraná/Santa Catarina.
Fórum de SMS: 60 dias sem respeito à vida
Após quase 60 dias da realização do Fórum Nacional de Práticas de SMS, onde a FUP e seus sindicatos apresentaram suas propostas à presidência e à diretoria da Petrobrás, a empresa continua desprezando as reivindicações de saúde e segurança, demonstrando que de fato não se preocupa com vida, nem com a família de seus trabalhadores. O Fórum foi realizado no dia 06 de setembro, um ano após compromisso assumido pela Petrobrás na campanha salarial de 2010. Uma das proposições do Fórum foi a realização de um diagnóstico conjunto das práticas e da política de SMS, com representantes da empresa e da FUP.
Até hoje, no entanto, a Petrobrás continua enrolando a categoria. Nas rodadas de negociação com a Federação, a empresa informou que montou um grupo de trabalho para realizar um diagnóstico interno e só então apresentará o resultado para a FUP. Ou seja, descumpriu o que foi acordado com o presidente a direção da Petrobrás. Desde a realização do Fórum, mais dois trabalhadores morreram em acidentes e inúmeras ocorrências graves já foram denunciadas pela FUP e seus sindicatos. As evasivas respostas da empresa para as reivindicações de SMS confirmam o que o movimento sindical vem denunciado há anos: segurança não é prioridade da Petrobrás.
Para atenderem a qualquer custo as metas de produção, os gerentes continuam expondo diariamente os trabalhadores a diversas situações de risco. Através da “Operação Gabrielli”, a categoria está desafiando os gestores, provando para o presidente da empresa que os acidentes que já mataram 309 trabalhadores nos últimos 16 anos não foram por “indisciplina operacional”, como ele alegou no Fórum de SMS. As mortes, mutilações e subnotificações de acidentes na Petrobrás são resultado da falta de vontade política da empresa de se contrapor à cultura autoritária das gerências, que violam leis, atropelam acordos, descumprem normas internas e desprezam os alertas dos trabalhadores sobre a insegurança e os riscos a que são submetidos no dia a dia.
Enquanto isso…
Reduc mantém produção em caldeira com vazamento de CO
Como na P-35, trabalhadores foram obrigados a utilizar conjuntos autônomos
Durante cinco dias, a gerência da Reduc, segundo denúncias do Sindipetro Duque de Caxias, manteve a produção da Caldeira de CO, com trabalhadores utilizando na área conjuntos autônomos de respiração, devido a um vazamento contínuo de monóxido de carbono na tubulação que alimenta a fornalha. O vazamento teve início no último dia 27 e, apesar dos riscos que o CO provoca, a Reduc manteve a caldeira produzindo a pleno vapor. No dia 31, após fiscalização e notificação do INEA (Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro), a refinaria realizou uma manobra operacional, convertendo o CO em CO2 (gás carbônico), já que não existe legislação ambiental para controle deste gás na atmosfera.
Repetindo P-35
Na Bacia de Campos, 22 trabalhadores da P-35 foram intoxicados por um vazamento de CO no dia 26 de setembro e, assim como fez a Reduc, a gerência da plataforma não parou em qualquer momento a produção. Dos 194 petroleiros a bordo, 80% foram contaminados, sendo que 22 desembarcaram, dos quais três ficaram hospitalizados. A Petrobrás só emitiu CATs, após cobrança da FUP que denunciou o fato na mesa de negociação.
Ao invés da empresa ordenar a parada imediata da plataforma, orientou os trabalhadores a usarem conjunto autônomo para manter a produção. A plataforma só foi parada após denúncia do Sindipetro-NF. No dia 21 de outubro, fiscais do Ministério Público do Trabalho interditaram a unidade, após constatarem riscos no sistema de gás inerte, por conta do vazamento de monóxido de carbono, e no tanque SLOP de água produzida, devido também a um vazamento de outro tipo de produto (H2S). A P-35 continua parcialmente interditada.