Representante dos trabalhadores fala sobre desafios no Conselho da Petrobrás

Após mais de 60 dias de vacância, a vaga para o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração foi ocupada por Danilo Silva, petroleiro da base da Replan e ex-diretor do  Sindipetro Unificado de São Paulo. Nesta entrevista ao sindicato, ele fala com o jornalista Norian Segat sobre as expectativas e projetos para o mandato que se encerra em abril de 2020.

Segundo o novo conselheiro, que tomou posse no dia 3 de janeiro, o país vive uma conjuntura difícil, com um governo que tende a ser mais duro nas relações com os trabalhadores, o que exigirá mais resistência.

“O mandato do CA pode ajudar a fazer esse debate político, mas não podemos esquecer que nosso campo está no chão de fábrica, na porta dos prédios administrativos e temos que saber exercer e aproveitar todos esses espaços”, afirma Danilo. Leia a íntegra:

Como você analisa a demora para a sua posse?

Acho que a Petrobrás errou, ela poderia ter atendido à nomeação muito mais rapidamente, uma vez que a dúvida suscitada [a participação de Danilo no conselho de outra empresa] era uma situação que tinha casos idênticos e até mais complexos no Conselho. O ruim é que nesse tempo algumas medidas importantes foram tomadas, como a aprovação do Plano de Negócios, na qual poderíamos colaborar com uma visão mais preocupada com os empregados do que apenas com o mercado. Agora é assumir o mandato e dialogar daqui pra frente buscando os melhores interesses da companhia.

Como você pretende pautar sua atuação no CA?

Pretendo pautar pela transparência, divulgando o que for possível dentro das regras da legislação e da CVM, pautar pelo diálogo constante com os trabalhadores, com os demais membros do Conselho e com a Diretoria da empresa na busca de caminhos e soluções, mas também fazer o contraponto em relação a questões como a venda de ativos, por entender que isso é ruim e compromete a geração de caixa em longo prazo. Acredito que é um equívoco a venda do refino, pois enfraquece a companhia e constrói monopólios regionais de empresas privadas; se querem entrar no mercado, isso é bom, mas que façam suas próprias refinarias e disputem mercado com a Petrobrás. É como se a Coca Cola deixasse de vender seu produto por achar que as pessoas devem tomar Pepsi, isso não faz o menor sentido.

Você assume um mandato que está praticamente na metade, com uma nova gestão na empresa e um novo governo. O que ainda é possível ser feito?  

O mandato se encerra em abril de 2020, acho que é possível discutir nesse tempo questões importantes. Os mandatos do Deyvid e do Zé Maria foram de apenas um ano e foram consistentes. Muitas questões importantes, em relação ao refino e ao pré-sal, ainda não foram apreciadas pelo CA, há muita coisa para acontecer. Com o novo governo podem ocorrer mudanças na política da Petrobrás, algumas muito ruins para os trabalhadores e por isso temos de estar atentos. Pretendo fazer um processo de aproximação do trabalhador com o Conselho, para que nas próximas eleições se dê mais valor a esse espaço, com mais gente participando, mais candidaturas, mais debates.

Como se dará a comunicação entre você e os petroleiros, como a categoria poderá acompanhar seu trabalho?

Sempre tendo como perspectiva o que pode e não pode ser divulgado, pretendo fazer um grande trabalho de conversas e debates, utilizar as redes sociais, prestar conta dos gastos, do uso da remuneração do conselho para a contratação de assessorias; vamos ativar um blog para colocarmos textos mais técnicos e internamente usar a comunidade do Conecte para que as pessoas possam ter acesso a informações, sempre seguindo a legislação. Quero, também, visitar o maior número possível de unidades da Petrobrás para conversar olho no olho com os petroleiros e petroleiras, mas desde já deixo um telefone de contato para falar comigo, é o 19 9956-02177. O diálogo e a troca de ideias serão essenciais para a efetividade desse mandato. Forte abraço!