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Boa leitura




























Vito Giannoti, operário De que lado você


está?
da comunicação “De que lado você está? “uma
é
obra de intervenção, que propõe
No dia 24 de julho, os movimentos trabalhando como metalúrgico, em saídas à esquerda para os desafios
sociais e populares, perderam um São Paulo. Lutou contra a ditadura que a explosiva conjuntura brasilei-
dos seus maiores lutadores em militar e, como tantos que milita- ra nos oferece”. Guilherme Boulos,
defesa da comunicação sindical, Vito ram naquela época, foi preso várias liderança do MTST - Movimento dos
Giannotti, 72 anos. Faleceu em sua vezes – pelo Exército, pelo Dops e Trabalhadores SemTeto, não pre-
residência no Rio de Janeiro. pela Polícia Federal. Nas lutas tende criar consensos, mas sim to-
O ex-metalúrgico, jornalista, escritor diárias como metalúrgico forjou a mar partido no dissenso,
e professor Vito Giannotti foi um sua militância sindical no Brasil e desconstruindo o preconceito e a
lutador em defesa da comunicação descobriu a importância de uma cultura do comodismo, transmitidos
popular e da classe trabalhadora comunicação alternativa, popular, por família, amigos, escola, igreja e
como instrumento fundamental na voltada para os interesses dos mídia e absorvidos pela sociedade
disputa de hegemonia. trabalhadores. em geral. “A burguesia brasileira
De origem italiana, o apaixonado Vito é autor de diversos livros, pede um Estado mínimo e enxuto
pelo Brasil, Vito Giannotti fundou o entre eles: “Muralhas da Lingua- para o povo, mas desde sempre teve
Núcleo Piratininga de Comunicação gem” e “Historia das lutas dos para si um Estado máximo. P rivatizar
(NPC) no início da década de 90, trabalhadores no Brasil”, todos
com sua companheira Cláudia escritos de forma simples e direta os lucros e socializar o prejuízo,
Santiago. Através do NPC, percorreu para fácil entendimento de todos. esta é sua diretriz”, afirma.
oos sindicatos e organizações do Também era jornalista do jornal Com clareza e propriedade, suas re-
país formando trabalhadores sobre a Brasil de Fato, o qual se dedicava flexões oferecem um complexo re-
a importância o uso da comunicação em divulgar em todos os fóruns que trato da construção da realidade do
das disputas com o capital. Também participava. Brasil de hoje, da qual é um dos
realizava anualmente o curso de Esse era Vito, um homem intenso e agentes, e da importância dos mo-
comunicação que formou milhares obstinado, um lutador incansável vimentos sociais para nossa socie-
de militantes na área. por um jornalismo mais democráti- dade. E reafirmam que a esquerda
Na juventude, trocou a Faculdade co, humano e libertário. brasileira “não está morta”, apesar
de Filosofia pelo ofício marítimo e Seu legado não será esquecido de seus críticos e da necessidade
nos anos 60 fixou-se no Brasil, nunca. Vito, PRESENTE! de retomada do que ele define
como “caminho perdido”.

Editora: Boitempo
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