Diretores da Federação Única dos Petroleiros e do Sindipetro-NF se reuniram na manhã desta sexta-feira, 05, com pesquisadores da Rede Margarida da Unicamp/SP para falar dos problemas de saúde mental, que vem atingindo toda categoria petroleira.
O Coordenador do Departamento de Saúde do NF, Alexandre Vieira, apresentou durante a reunião dados relativos ao grande número de suicídios que vem acontecendo na categoria, que podem estar associados aos processos de transferência que aconteceram na Petrobrás sem a devida atenção à vida dos trabalhadores e suas famílias e a pandemia de Covid que colocou muitos trabalhadores próprios e terceiros expostos ao adoecimento e morte.
A Rede Margarida fundada em março de 2023 numa iniciativa do Ester (Laboratório de Estudos sobre Saúde e Trabalho da Unicamp), outras universidades, o Ministério Público do Trabalho – Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região e mais de 20 entidades e órgãos representativos dos trabalhadores/as, com vista a partilhar saberes e experiências, reconstruir laços de solidariedade entre as classes trabalhadoras e somar forças em prol de modos mais saudáveis em nossas vidas. A FUP tem participado desde a fundação da rede, com participação do diretor Raimundo Telles.
Alexandre Vieira vê de forma muito positiva esse trabalho conjunto da Rede Margarida. “Esperamos construir, em conjunto com a academia, soluções e desenvolver meios para ajudar a categoria petroleira a melhorar os problemas de saúde mental onshore e offshore” – comentou. Também participaram da reunião Profª Drª Márcia Bandini, o Prof. Dr Sérgio de Lúcia e a Socióloga, Marília Cintra.
Saúde mental dos trabalhadores
Dados levantados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) indicam que nos últimos 20 anos dobrou o número de casos de suicídio no Brasil, passando de sete mil em 2000 para 14 mil em 2020.
Entre os determinantes principais para este cenário estão as formas atuais de organização do processo de trabalho e seus modelos de gestão, que são cotidianamente atravessados pela precariedade dos contratos de trabalho, pressão por alto desempenho, quebra dos vínculos de apoio e solidariedade nos ambientes de trabalho, falta de suporte social aos trabalhadores, assédio moral etc. Dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que somente em 2020 no Brasil foram registrados mais de 570 mil afastamentos por transtornos mentais, número 26% maior do que o registrado em 2019; e dentre as doenças listadas pela entidade estão inclusos transtornos como depressão, ansiedade, pânico, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e fobia social.