Secretária-geral da CSI repudia golpe e retrocesso nos direitos

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Da Imprensa da CUT

Em visita ao Brasil no último dia 19, a secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow manifestou o seu mais veemente repúdio contra o golpe praticado por Michel Temer e condenou o retrocesso nos direitos proposto pelo governo interino. Na avaliação da dirigente da CSI, uma ruptura do processo democrático sem a participação popular – como está em curso – prejudica o povo e as organizações sociais.

Representando mais de 180 milhões de trabalhadores de 161 países, a CSI é presidida pelo professor João Antonio Felicio, dirigente histórico da Central Única dos Trabalhadores. São filiadas à CSI no Brasil, além da CUT, Força Sindical (FS), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL).

Em São Paulo, a secretária-geral da CSI se reuniu com representantes das centrais filiadas e fez uma visita de solidariedade ao ex-presidente Lula, sempre reconhecendo que o seu governo foi o melhor da história para o sindicalismo brasileiro, principalmente a partir da implantação da política de valorização do salário mínimo.

Sharan apresentou informações relacionadas a uma pesquisa realizada recentemente pela CSI que aponta que 48% dos trabalhadores do mundo estão no limite de gastos para a sua subsistência e que os demais 52% recebem menos do que precisam para uma vida digna. “Estes dados são uma demonstração inequívoca de que a política de arrocho salarial e retirada de direitos não deu certo em lugar nenhum”, afirmou João Felicio, sublinhando que “tais são os descaminhos propostos pelo governo Temer, que vai encontrar a dura resistência da classe trabalhadora”.

“Ainda de acordo com a pesquisa da CSI, 94% dos trabalhadores das multinacionais não têm relação com elas, são de empresas terceirizadas, com direitos aviltados, precarizados, o que apenas fortalece a já enorme concentração de renda nas mãos de uns poucos”, acrescentou o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa.

A ação frente às multinacionais fez parte da agenda de debates de Sharan durante a visita, quando a dirigente voltou a denunciar a sul-coreana Sansung, famosa por suas reincidentes e criminosas práticas antissindicais. Recentemente, condenou Sharan, a Samsung – que é responsável por 20% da economia do país – chegou a impedir que o próprio governo fiscalizasse a morte de trabalhadores por contato direto com produtos químicos nocivos. Um completo atropelo ao estado democrático de direito.

Como a Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) do ano que vem terá o tema multinacionais, avalia João Felicio, cresce a importância do debate e da conformação das redes sindicais de trabalhadores nestas empresas. Da mesma forma, assinala Lisboa, é necessário ampliar a solidariedade para estimular que as centrais pautem o tema, e ajam de forma unitária em defesa dos direitos, combatendo o papel nefasto de empresas que insistem em ficar à margem da lei.

Segundo Sharan, a chanceler alemã Angela Merkel se comprometeu a pautar o tema na próxima reunião do G-20, que acontecerá em seu país. Além do Brasil, a dirigente da CSI visitou centrais filiadas na Argentina, Chile, Honduras, Guatemala e Panamá, sempre debatendo ações para enfrentar a crise internacional e a complexidade da conjuntura a partir da ação e da mobilização sindical. Sharan conclamou ainda os sindicalistas a incluírem no debate junto aos seus respectivos governos o tema das mudanças climáticas, da transição justa com trabalho decente e manutenção de direitos.

No próximo dia 30 de setembro a CUT participará em Berlim, na Alemanha, da Cúpula da Paz, que terá como temas centrais o fim das agressões e a defesa da democracia no mundo.