Sindipetro-NF denuncia falta de autonomia do SPIE e risco à segurança com mudanças impostas pela Petrobrás

O Sindipetro-NF voltou a manifestar sua preocupação com a situação do Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos (SPIE) da Petrobrás, após entrevista no processo de auditoria da UO-BC realizada nesta segunda, 10, com o diretor do sindicato , Marcelo Nunes.

 

Na entrevista o diretor Marcelo Nunes deixou evidente que o SPIE não tem autonomia, uma vez que a alta direção da empresa não está permitindo que dirigentes embarquem para acompanhar a auditoria e alterou o regime de trabalho (desimplante) dos Profissionais Legalmente Habilitados (PLHs) — engenheiros responsáveis técnicos pela NR-13 — sem qualquer diálogo prévio e sem seguir os procedimentos de gestão de mudança previstos em norma interna da companhia.

 

A decisão da Petrobrás, conforme denúncia dos trabalhadores, transformou o regime de sobreaviso em administrativo, restringindo os embarques a menos de dez dias por mês. Essa limitação, segundo o manifesto dos PLHs, impede o exercício pleno das atribuições técnicas e compromete a segurança das plataformas, uma vez que reduz a supervisão direta sobre equipamentos e sistemas críticos.

 

O diretor do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, destacou a gravidade da situação: “A Petrobrás quer acabar com o SPIE nas unidades em desinvestimento, substituindo engenheiros e técnicos próprios por empresas contratadas. É um retrocesso que fere diretamente a segurança das plataformas. O SPIE é o serviço próprio da empresa para garantir a integridade dos equipamentos — se ele deixar de existir, quem assume o risco?”

Para o Sindipetro-NF, essa  medida destoa completamente das recomendações feitas após o acidente da PCH-1, que deixou dezenas de trabalhadores feridos e expôs falhas graves no controle de integridade de equipamentos. “É um contrassenso imaginar que a terceirização de atividades críticas vai aumentar a segurança”, avalia o sindicato.

 

Outro ponto de preocupação é o que a diretoria do sindicato chama de descrédito do processo de certificação do SPIE. De acordo com a entidade, “acidentes e incidentes graves, como o da PCH-1, não geraram nenhuma consequência para o SPIE da Bacia de Campos, o que mostra que a certificação parece servir mais para dar prazos à empresa do que para garantir segurança”.

 

Sindicato cobra rigor e transparência

Diante do conjunto de denúncias, a diretoria do Sindipetro-NF afirma que irá cobrar da Petrobrás e dos órgãos reguladores a apuração de todas as irregularidades, além de solicitar que os auditores considerem as falhas relatadas como não conformidades na atual auditoria do SPIE. “O SPIE deve garantir acesso seguro aos equipamentos e assegurar que as inspeções sejam feitas dentro dos padrões técnicos e legais. Se os profissionais são impedidos de embarcar, e se os processos são alterados sem gestão, a própria essência da certificação perde sentido” – diz a diretoria do sindicato.