Sindipetros com bases offshore realizam trancaço no Aeroporto de Maricá contra desimplantes arbitrários

Dirigentes de Sindipetros com bases offshore — Norte Fluminense, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Amazonas/Para e Litoral Paulista — realizaram, na manhã de hoje, um trancaço no Aeroporto de Maricá (RJ), em protesto contra desimplantes arbitrários que estão feitos pela gestão da Petrobrás. A categoria petroleira também está em Campanha Reivindicatória, buscando avanços no Acordo Coletivo de Trabalho.

Por mais de duas horas, a partir das 6h, os voos que partem para as plataformas de petróleo desta região foram impactados. O Aeroporto de Maricá atende especialmente às unidades da área de Búzios, que integram a Bacia de Santos.

“Fizemos um ato trancando o aeroporto de Maricá, ficamos lá até 8h20. Por conta dos desimplantes, mas, também, pelo acordo coletivo, pelo 14×21 para todos e por mais segurança, mais saúde nas instalações da Petrobras”, explica Johnny Souza, coordenador do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF.

Além de Johnny, da direção do Sindipetro-NF participaram do protesto o coordenador-geral da entidade, Sérgio Borges, e os diretores Matheus Nogueira e Eider Cotrim.

“A adesão da categoria foi muito boa. O saguão estava cheio e os trabalhadores participaram de maneira muito intensa, interagindo os os diretores sindicais, aplaudindo as falas, mostrando que há muita indignação em relação a esses desimplantes arbitrários”, adiciona o sindicalista.

Cobranças e manifestações

O protesto de hoje no Aeroporto de Maricá faz parte de uma sequência de cobranças e manifestações contra a forma unilateral como a gestão da Petrobrás decidiu fazer os desimplantes (retiradas de trabalhadores das unidades). O trancaço anterior aconteceu no Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, no último dia 5.

As duas federações petroleiras (FUP e FNP), assim como os sindipetros, têm denunciado que, nas últimas semanas, foram aplicados pela Petrobrás “desimplantes coletivos” ­– isto é, transferências forçadas de trabalhadores designados para plataformas marítimas (regime offshore) para regime administrativo em terra, sem aviso prévio, negociação ou justificativa plausível. Para as entidades sindicais, trata-se de uma manobra unilateral, injusta e que despreza os critérios de segurança, estabilidade e transparência.

Em nota conjunta, as federações que representam os trabalhadores offshore qualificaram recentemente a medida como parte de uma lógica neoliberal de “economia de palito”, destinada a reduzir custos para beneficiar acionistas e investidores, em detrimento da vida, da saúde e dos direitos dos trabalhadores.

Nas mesas de negociação do ACT e em outras frentes, os sindicatos têm cobrado da Petrobrás a imediata suspensão dos desimplantes, que tem sido negado pela empresa. O Sindipetro-NF disponibilizou um formulário para levantar os impactos dos desimplantes forçados entre os trabalhadores (disponível aqui).

Para os dirigentes sindicais, o problema vai além da mera realocação de postos de trabalho — envolve condições de vida, segurança, pagamento de benefícios e logística de transporte. Muitos dos trabalhadores afetados vivem longe de sedes administrativas, dependem de transporte aéreo ou marítimo, e tiveram sua rotina e sua renda ameaçadas sem qualquer negociação.

Além disso, os sindicatos afirmam que as transferências ocorrem em meio à negociação do novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT 2025), o que configura uma tentativa de enfraquecer a mobilização e pressionar os trabalhadores a aceitarem os termos da empresa.

Os sindicatos alertam que, se a Petrobrás insistir nas medidas arbitrárias, a resposta poderá incluir greve nacional da categoria. A mobilização, segundo os dirigentes, demonstra “a força da unidade da categoria” e a disposição de lutar por justiça, direitos e transparência.

A denúncia de “desimplantes arbitrários” levanta alertas graves para o futuro da categoria: precarização da mão de obra, insegurança jurídica, desrespeito aos acordos coletivos e risco à saúde e à estabilidade dos trabalhadores offshore. A reivindicação das entidades sindicais é clara: a revogação imediata dos desimplantes, retomada do diálogo com critérios claros e negociados, e garantia de direitos fundamentais para quem assegura a produção de petróleo e gás no Brasil.