Da Imprensa da FUP – De acordo com números da empresa, um total de zero mortes por tombo em escadas tem contribuído para a melhoria da Taxa de Acidentados Registráveis (TAR) da Petrobrás e deixado orgulhosos os gerentes do setor.
Parece piada, mas esta é a nova meta da empresa. Garantir a segurança dos empregados que sobem e descem escadas olhando o celular. Após instalarem corrimãos e sensores que medem em tempo real o índice de quantidade de petroleiros que seguram o corrimão, o gerente se mostrou otimista na reunião de SMS realizada nesta quinta-feira, 21, com a Federação Única dos Petroleiros e seus sindicatos filiados.
São atitudes como esta, que cada dia mais o SMS da empresa vem se desmoralizando diante dos empregados. Uma empresa que não está preocupada com a real segurança dos trabalhadores, mas em ter certeza que a roupa está abotoada corretamente.
O número de acidente realmente tem diminuído desde 2016, passando de 1,63 para 1,01 em 2018. Isso mostra efeitos de algumas escolhas da empresa e não por conta de maior investimento no SMS, mas por redução de mais de 50% dos investimentos totais da empresa. Menos obras, menos empregados, menos acidente. Uma conta simples.
É possível ainda encontrar casos de subnotificações de acidentes de trabalho. Isso reduz a TAR, pois os acidentes não são registrados. Como exemplo, o caso do acidente com helicóptero na P-37 em março de 2017, depois de tombar no heliporto, com 8 passageiros e 2 tripulantes. Segundo dados do departamento de Saúde do Sindipetro-NF, até o momento foram recebidas apenas 3 CAT’s da P-37. Não foram emitidas CAT’s dos outros trabalhadores.
Esta é a atual política de consequência da empresa. Que pune o trabalhador por seu próprio acidente, fazendo aumentar as subnotificações de trabalho. O trabalhador tem medo de usar seu direito de recusa por causa do assédio gerencial, mas ao mesmo tempo tem medo de ser punido caso sofra um acidente de trabalho.
Um exemplo disso é a morte do Técnico de Operação Luiz Cabral, que caiu dentro de um tanque de óleo fervendo ao pisar em seu teto para realizar seu trabalho, na Refinaria de Duque de Caxias, em 2016, e foi acusado pela Petrobrás de ter se suicidado. Até hoje a família não foi indenizada.
Nos passos da Vale
Subnotificação de acidente, desinvestimento em segurança, redução de efetivo, enfraquecimento das representatividades sindicais. Tudo isto é a receita de um grande acidente que está sendo preparado pela Petrobrás. Não por falta de aviso da FUP e seus sindicatos, mas por falta de vontade política da atual gestão da empresa. Somente nas refinarias da Petrobrás, entre 2016 e 2018, houve queda de 24% no número de trabalhadores. Somente na REDUC (30% em queda), RLAM (36% em queda) e RPBC (35% em queda), devido ao estudo de O&M mal feito.
Por isto, defendemos que é dever da empresa defender a vida acima de tudo. O trabalhador precisa ter a garantia que voltará para sua família no fim do dia. É preciso que haja a reposição dos efetivos das unidades do Sistema Petrobrás, através de uma política de SMS com maior participação dos trabalhadores e da realização de novos concursos públicos. Só com um número adequado de mão de obra especializada, equipamentos de segurança de qualidade e manutenção dos equipamentos em dia, a Petrobrás poderá garantir a vida de seus empregados.