*Vagner Freitas
Não me surpreendeu a notícia de que o desemprego entre os jovens brasileiros é o maior em 27 anos, segundo relatório da OIT.
O resultado confirma o que venho denunciando desde o golpe: Temer, os amigos e parceiros que ele colocou nos ministérios não têm um projeto de governo, têm um projeto de poder que ignora as urnas, o voto, o povo e a Constituição do país.
Nossos jovens não estariam nessa condição terrível em que estão hoje – têm três vezes mais chances de estar desempregado do que um adulto – se o governo tivesse uma política de desenvolvimento que priorizasse a geração de emprego de qualidade e renda.
O fato é que Temer nunca pensou nos jovens, em especial nos de menor renda ou os que vivem na linha da pobreza e precisam de um trabalho decente para que possam ajudar suas famílias e, ao mesmo tempo, conseguir estudar, se preparar para ter um futuro melhor.
A queda do crescimento da economia brasileira, a informalidade e a falta de investimentos públicos e incentivos aos investimentos privados aumentaram o desemprego na gestão do golpista.
A saída, segundo ele, é atacar a CLT e a aposentadoria.
O resultado é mais trágico ainda para os jovens, que estão nas pontas. Ou seja, entram no mercado de trabalho nas funções mais precárias, pela alegada falta de experiência, e só saem da situação de fragilidade se tiverem sorte, oportunidade, se conseguirem estudar e se o país não enfrentar uma crise econômica e, com isso, conseguirem espaço nas carreiras mais estruturadas.
O problema é que, muitas vezes, as chamadas portas de entrada dos jovens no mercado de trabalho – funções que exigem menos experiência e qualificação profissional – são ocupadas por adultos que, depois de muito tempo desempregados, aceitam trabalhar em funções piores do que as que ocuparam antes.
Além de não fazer nada para interromper essa lógica, Temer cortou o FIES, ProUni, Pronatec, o programas como o Ciência Sem Fronteira, as políticas de geração de empregos para jovens e todos os investimentos públicos pelos próximos 20 anos.
Junte a isso, uma reforma trabalhista que atinge quem já está mais fragilizado no mercado de trabalho e está formado o cenário de desesperança para a juventude brasileira e para o Brasil.
Isso é sintomático de um desenvolvimento econômico ruim e de decisões políticas que beneficiam apenas os mais ricos e prejudicam os mais pobres, aqueles que estão na base da pirâmide.
Como disse o professor Guilherme Mello, da Unicamp, à Rádio Brasil Atual, “ao invés de se pensar em tirar de quem tem menos é preciso discutir uma forma de distribuir mais renda”.
*presidente da CUT