CUT – A argumentação do governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) para justificar o pífio aumento do salário mínimo (SM) é a inflação baixa. O problema é que, na hora de pagar as contas, os trabalhadores e as trabalhadoras acham que o custo de vida está cada vez mais alto e, com um reajuste menor do salário mínimo, que atinge a maioria dos trabalhadores e dos aposentados, os mais pobres são os mais sofrem as consequências reais dessa sopa desses números tão exaltados pela mídia.
A Subseção do Dieese da CUT fez um estudo sobre o impacto dos aumentos de preços no orçamento das famílias que sobrevivem com apenas um salário mínimo para ajudar a entender o que está acontecendo com o poder de compra da classe trabalhadora. Os dados derrubam a justificativa do governo para um aumento do SM menor do que os R$ 965 que o Congresso havia aprovado dentro no Orçamento da União para 2018.
“A sensação de que o gasto no supermercado e com as contas dos serviços públicos está pesando muito mais do que expressa a inflação total é real porque esses preços, que têm um impacto maior na renda dos trabalhadores que ganham salário mínimo, subiram muito nos últimos anos e a queda de alguns preços em 2017 não foi suficiente para aliviar o bolso”, diz a técnica do Dieese, Adriana Marcolino.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC, usado como base para o reajuste do SM) foi de 2,07% em 2017. Mas, o acumulado 2016/2017 é de 8,79%), o que vem derrubando o poder de compra da classe trabalhadora.
Enquanto o salário mínimo teve reajuste de 1,81%, o menor dos últimos 24 anos – R$ 954, a partir de 1º de janeiro deste ano –, os brasileiros que ganham o piso viram os gastos com serviços públicos, como água, luz e gás, explodirem na gestão Temer.
Em 2014, os gastos com serviços públicos representavam 26,1% do salário mínimo que na época era de R$ 724,00. Em 2017, esses gastos aumentaram para 31,4%.
Mas, a corrosão do poder de compra da classe trabalhadora não parou com os preços abusivos cobrados pelo governo. As despesas básicas e essenciais, como alimentação e moradia, também estão pesando no bolso dos trabalhadores. Segundo o Índice do Custo de Vida (IVC-Dieese), a inflação acumulada da cesta básica de 2016/2017 foi de 8,03% e o da habitação, 8,39%. Só o botijão de gás aumentou 37,65% no mesmo período.
Segundo a técnica do Dieese, em janeiro de 2014, os trabalhadores que ganham o salário mínimo gastavam R$ 354,19 do salário mensal (na época R$ 724) com alimentação; mais R$ 71 com luz; R$ 16,82 com água; e R$ 50 com botijão de gás. Já em dezembro do ano passado, passaram a gastar R$ 424,36 com alimentação, R$ 127,88 com luz, R$ 24,15 com água e R$ 89 com gás.
Salário mínimo
O governo Temer não reajustou o salário mínimo pela inflação nos últimos dois anos, como manda a Lei 13.152, de 2015. O INPC divulgado nesta quarta-feira (10) chegou a 2,07%. Isso já havia acontecido em 2017, quando o mínimo havia sido reajustado em 6,48%, para um INPC de 6,58%.
De 2003, no primeiro ano do governo Lula, até 2016, o salário mínimo acumulou aumento real de 77%. Começou a perder para a inflação exatamente nestes dois últimos anos, a partir da gestão do golpista Temer.
A Lei 13.152, que implementou a política de valorização do salário mínimo, estipula reajuste com base no Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, que valeria como aumento real, e pelo INPC do ano anterior. O PIB, de fato, não cresceu, deixando o mínimo sem ganho real. Mas o governo descumpriu a segunda parte, ao não aplicar o INPC.
“O principal objetivo da Política de Valorização do Salário Mínimo, uma conquista da CUT e das demais centrais sindicais durante o governo Lula, é recuperar o valor do piso nacional para melhorar a vida das pessoas”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“O problema é que Temer não entende de pessoas”, completa Vagner.