Os trabalhadores da P-20 já enviaram seu manifesto contra as transferências para outras unidades da UO-BC, inclusive daqueles que se candidataram às eleições de Cipa, o que é ilegal porque fere a NR-5. A diretoria do Sindipetro-NF vê essa postura da empresa como uma retaliação aos grevistas, além de ferir um compromisso assumido pela Petrobrás de que esse tipo de postura não aconteceria.
Diante dessas informações, o Sindicato irá encaminhar uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho, e pede aos petroleiros transferidos, que enviem uma descrição do ocorrido para o e-mail[email protected].
É importante que no relato o petroleiro destaque se está, ou não, inscrito para a Cipa de sua unidade. Os relatos devem se encaminhados até o dia 13, quando haverá nova reunião para definição de encaminhamentos antes do início da eleição de Cipa. Esse assunto também será levado pelo sindicato à reunião com o RH da empresa, que acontecerá amanhã, no Rio de Janeiro.
Manifesto dos Trabalhadores da Plataforma P-20
Nós, trabalhadores de P-20 viemos expressar nossa enorme indignação diante das últimas medidas claramente punitivas contra os grevistas de nossa unidade, que refletem o caráter revanchista e intimidador com que a empresa trata uma manifestação legítima, garantida pela constituição federal, que é a greve.
É sabido que há listas de companheiros já mapeados para serem transferidos de suas unidades. Vários trabalhadores estão sofrendo com a notícia, feita de maneira arbitrária e assediosa, de que estão sendo transferidos sem qualquer justificativa e informações claras, como qual será o destino e até se haverá mudanças no regime de trabalho, haja vista que diversos trabalhadores já estão sofrendo mesmo antes da greve desimplantações por motivos políticos-sindicais.Entendemos que o mesmo fato que presenciamos em P-20 pode estar sendo replicado em outras plataformas da UO-BC.
Tendo em vista os últimos acontecimentos que feriram a imagem pública da companhia pela corrupção exposta na “Operação Lavajato”, a movimentação sem critérios técnicos afeta a produtividade da companhia, e fere seus princípios éticos e procedimentais previamente normatizados.
Nota-se importante frisar que a movimentação dos funcionários da Petrobrás na UO-BC traduz uma política degradante com os efetivos resultados obtidos pela força de trabalho que ora está sendo atacada. A ausência dos trabalhadores, através do sindicato, na definição de qualquer mobilidade funcional, feita pela UO-BC neste momento contrapõe todo princípio de negociação coletiva acordado para assinatura do ACT vigente. Se foi criado o GT para discutir a Pauta Brasil, que autonomia tem a UO-BC para implementar o rodízio de pessoas?
Não podemos esquecer que a UO-BC passou há tempos atrás pela operação na Polícia Federal denominada “Águas Profundas” e que a movimentação de pessoal, que ocorre neste presente momento, acontece sob o véu das corrupções expostas na grande mídia brasileira pela operação Lavajato.
Há inclusive descumprimento de determinações da NR-5, ao retaliar trabalhadores que se candidataram à CIPA, por lutar contra o desmonte e privatização da empresa, pela manutenção do emprego e dos direitos.
Além de querer desmobilizar a categoria que demonstrou disposição e fez a greve mais forte dos últimos 20 anos, a empresa coloca os trabalhadores e suas unidades em risco ao retirar trabalhadores capacitados de suas funções de anos de experiência, um dos pilares da eficácia operacional.
Estamos fazendo reuniões regulares para amadurecer a experiência da greve e queremos lembrar que todos ainda estamos em estado de greve, sendo que a não punição foi condição mínima para o encerramento do movimento de outubro, que infelizmente foi freado ao dar um “cheque em branco” para a Petrobrás. Acreditamos que é dever do sindicato exigir o cumprimento do “compromisso” estabelecido pela Petrobrás em audiência com a FUP e MPT.
Também queremos propor que se exerça a democracia através de comissões de base deliberativas com delegados eleitos na base. Neste momento o apoio jurídico do sindicato e o contato entre grevistas de base (via whatsapp, menssenger e pelos ramais que devem ser trocados) são de suma importância para revertermos estas punições já em curso.
A atitude da empresa, apesar de tentar maquiar com um discurso de que se trata de uma “oxigenação” ou de um rodízio previsto antes da greve, não só pune os trabalhadores que estão na lista de transferidos, mas vai além, pois visa conscientemente repreender e desarticular toda e qualquer futura mobilização. Nos solidarizamos com aqueles diretamente envolvidos e cremos que unidos na luta reverteremos este ataque e venceremos mais uma batalha dessa luta que apenas começou.