O Sindipetro-NF promoveu, na manhã de hoje, um trancaço no Edinc (Edifício Novo Cavaleiros), uma das unidades administrativas da Petrobrás em Macaé, como parte do Dia Nacional de Luta chamado pela FUP e seus sindicatos contra o PCR (Plano de Carreiras e Remunerações) e pelo pagamento da PR (Participação nos Resultados) para todos.
O protesto se uniu ao Café da Manhã que também estava programado para a base, na campanha contra o assédio moral e o assédio sexual, que a entidade realiza nesta semana. O bloqueio sindical ao prédio foi mantido das 7h às 9h. A transmissão em vídeo está disponível na página do sindicato no Facebook.
A conexão entre todas estas frentes de luta foi feita pela constatação, pela diretoria da entidade, de que o cenário político brasileiro, de ataques aos trabalhadores e às trabalhadoras por meio de uma progressiva retirada de direitos, estimula o comportamento assediador dos chefes e as políticas autoritárias da gestão da empresa.
“Às vezes as pessoas reclamam porque falamos de política, mas a política é a causa dos problemas que enfrentamos e é na política que vamos lutar para resolver. Isso está acontecendo [os assédios, os cortes de direitos] por causa da política. Há um desequilíbrio entre Capital e Trabalho no Brasil. No Congresso Nacional, 80% são empresários”, disse o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Diretores e diretoras do sindicato se revezaram nas falas à categoria. Sobre o PCR, os representantes da entidade destacaram a importância de resistir e não aderir ao plano, que traz prejuízos graves e é inconstitucional. Uma publicação que lista os principais danos aos direitos dos trabalhadores foi distribuída durante o protesto.
“O PCR quer regularizar o desvio de função, o faz-tudo”, explicou o diretor Benes Júnior, que lembrou ainda o fato de que, fora das suas especializações, os trabalhadores aumentam as chances de sofrer acidentes.
O tema principal do Café da Manhã, o combate ao assédio, também esteve muito presente nas falas. O diretor Alessandro Trindade lembrou que há um caso que ilustra o modo como a gestão da Petrobrás trata o assunto: “Há um tempo atrás tivemos um caso aqui de assédio sexual em uma plataforma. O que aconteceu? A Petrobrás transferiu o assediador para a Bacia de Santos e ele foi promovido. Era para ter dado cartão vermelho para ele”, protestou o sindicalista.
A diretora do sindicato, Conceição de Maria, destacou que a maioria das vítimas de assédio são as trabalhadoras do setor petróleo privado, o que mostra que o assédio é muito relacionado ás relações de poder. “O chefe tem o crachá verde [da Petrobrás] e acha que pode fazer o que quer”, disse.
Ela lembrou um dos casos que está sendo acompanhado pela entidade, de uma trabalhadora do setor privado, vítima de assédio sexual, que só não foi demitida em razão da intervenção firme do sindicato, mas que enfrenta um processo de adoecimento e luta para que seja feita justiça em relação aos assediadores. “O combate ao assédio tem relação direta com a nossa luta por segurança e saúde, são muitos os casos de angústia, depressão, crises de choro, faltas ao trabalho em razão do assédio. Temos que ficar de olho e sermos solidários”, afirmou a sindicalista, estimulando a denúncia dos casos ([email protected]).
Sobre a PR, o sindicato mostra como a política de desmonte da empresa está causando prejuízos aos trabalhadores e ao País, lembrando a necessidade de se manter firme a luta para que nenhuma base seja discriminada, pois o objetivo da gestão é justamente o de dividir a categoria.
Decisões entreguistas, como a de reduzir o tamanho da Petrobrás e tentar inviabilizá-la como empresa integrada que pode garantir seu lucro em uma área energética quando alguma outra passa por problema, ou destinar R$ 10 bilhões para acionistas norte-americanos, entregar o pré-sal, entre outras, impactam diretamente na PR dos trabalhadores, nos direitos e na soberania do país.
“As mesmíssimas cabeças que pensaram em dar R$ 10 bi aos Estados Unidos são as que pensam em coisas como o PCR”, comparou o diretor Tadeu Porto.
Feira do MST
O ato contou com o apoio de militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o que foi destacado pelo coordenador geral do sindicato, Tezeu Bezerra. Ele lembrou que os trabalhadores desenvolvem o cultivo sem agrotóxicos e que o sindicato cobra, da Petrobrás, desde o ano passado, a viabilização da instalação de feiras com estes produtos saudáveis nas entradas das bases administrativas de Macaé.
[Foto: Reprodução Facebook Sindipetro-NF]