Saiba como o turno mexe com você

Perturbações na família e na vida social. O trabalho em turno afeta a família inteira. Devido ao trabalho de turno, a rotina familiar nunca pode ser inteiramente vivida. A participação em atividades externas tais como cursos, clubes ou esportes tornam-se complicadas. Há um grau de isolamento social para os trabalhadores de turno. Isso tudo é ainda mais intenso para os que, além do turno de revezamento, ainda passam a intrajornada confinados.

 

 

 

A forma com que o corpo administra seus parâmetros (temperatura, pressão, níveis hormonais, ácidos, etc) diariamente é conhecida como Ciclo Circadiano, o nosso relógio biológico.

 

Coração

Um estudo do Helsinki Heart Center constatou que trabalhadores que fazem turno de revezamento por um período de mais de 5 anos têm aumento de 40% a 50% no risco de doenças coronárias comparados aos trabalhadores com jornada diurna. Se comparados aos “trabalhadores de colarinho branco”, o risco aumenta em 70%. Um estudo sueco mais recente mostrou aumento no risco de doenças no coração por anos de trabalho em turno de revezamento. O risco aumenta em 50% para dois anos em turno; 100% de 6 a 10 anos; 120% de 11 a 15 anos; e 180% de 16 a 20 anos.

 

Sono

O trabalho em turno de revezamento tem efeito direto sobre o sono. Os altos e baixos do ciclo circadiano aumentam o estado de alerta de manhã, dificultando pegar no sono. Fatores externos como ruído, luz do sol e obrigações familiares frequentemente interrompem ou encurtam os repousos. Há perda também na qualidade. As pessoas passam menos tempo nos estágios de sono profundo, importantes para recuperar a fadiga. Também têm menos sono do tipo “Rapid Eyes Movement” (REM), importante para a saúde mental.

 

Mente

Muitos estudos mostram que trabalhadores em turno têm mais queixas de nervosismo, fadiga crônica, ansiedade, depressão e irritabilidade. “Você se sente como se tivesse um colapso nervoso?” e “Você reage com irritação mesmo quando não quer?” — trabalhadores de turno respondem mais “sim” do que os de jornada diurna. Um estudo numa refinaria de óleo na Austria encontrou uma predominância de “distúrbios psiconeuroticos” — acompanhados de depressão, nervosismo e ansiedade dos turneiros sobre os trabalhadores diurnos.

 

Estômago

Turneiros têm problemas gastrointestinais, como constipações, diarréia, excesso de gases, dores abdominais e queimações, duas a três vezes mais comuns do que nos trabalhadores diurnos. Essa maior frequência também se verifica em casos mais sérios como úlceras pépticas, de duas a cinco vezes mais frequentes em turneiros do que nos diurnos. “As pessoas têm mais dificuldade na digestão durante a noite. Contribuem também distúrbios no sono, comida em excesso, cafés, fumo e estresse.”

 

Mortalidade

O trabalho em turno de revezamento afeta a expectativa de vida. Estudos notaram que de 15% a 30% não conseguem se adaptar ao trabalho de turno de revezamento permanecendo com seu relógio biológico ajustados para o trabalho diurno normal.

 

Mulheres

Um estudo europeu revelou que mulheres no turno de revezamento têm duas vezes mais dificuldade em conseguir a fecundação do que trabalhadoras diurnas.

– Aborto: Um estudo canadense constatou que mulheres que trabalham à noite têm o dobro de risco de abortos naturais do que as de jornada diurna, e outro estudo britânico descobriu que têm 44% mais riscos de abortos.
– Nascimentos prematuros: Um estudo Francês mostra que turneiras aumentam o risco de nascimentos prematuros em 60%.
– Baixo peso ao nascer: Estudos na Finlândia e China encontraram que turneiras têm um elevado risco de parir bebês com peso baixo.
– Alta pressão: Um estudo norueguês constatou que turneiras têm mais riscos de sofrerem de pressão alta durante a gravidez (uma condição conhecida como “pre-eclampsia”). O aumento do risco foi de 30% em geral e 100% para aquelas que já tinham filhos.

 

Acidentes

Trabalhadores noturnos são mais suscetíveis à luta entre o sono e a perda de habilidade para pensar claramente durante as primeiras horas da manhã (entre 3 e 5 da madrugada). Os trabalhadores chamam esse horário de “zombie zone”. O potencial para cair de sono ou um erro de julgamento pode resultar desde um produto abaixo do padrão de qualidade até um grande acidente industrial. Alguns dos grandes e mais notórios acidentes industriais (Three-Mile Island, Bhopal, Chernobyl, e Exxon Valdez) ocorreram durante estas primeiras horas da manhã com erros humanos sendo o fator chave de todos eles.