Em meio aos debates do 21° Congresso dos Petroleiros do Norte Fluminense, um navio petroleiro de barro, com um coração dentro do casco, ganha forma pelas mãos do mestre artesão Daniel de Lima, 48 anos, pernambucano que reside há mais de duas décadas no estado do Rio de Janeiro.
O navio é uma das peças em exposição, durante o evento, do artista que nasceu no Recife, no bairro de Afogados, e aprendeu o ofício de dar forma e arte ao barro em um período de férias em Tracunhaem (PE). Atualmente, Lima dá aulas na Fazenda Visconde, em Casimiro de Abreu, no ateliê Filhos do Barro.
“O meu trabalho tem um pouco de inspiração no Aleijadinho, como esse São Francisco de Assis aqui [mostra], que é o barroco, o rococó, mas minha inspiração maior vem do ser humano. Eu passo em um lugar, escuto uma conversa, vejo um movimento e crio uma peça. Eu fiz aqui uma, na intenção do que estou ouvindo aqui, e fiz um coração embaixo de um navio, é o coração de tudo. Então vem um pouco do que já existe e um pouco do artista, do meu sentimento”, revela.
Acompanhado da aluna Vera Lúcia dos Santos, 49 anos, também autora de algumas das peças expostas, Daniel explica que é “agraciado” por amar o que faz. “Preciso do dinheiro? Sim, como todo mundo. Mas digo para você que eu amo. Às vezes falam comigo: tem um lugar para fazer um trabalho, é um lugar carente, não tem como fazer, mas eu tenho que fazer a minha parte”, conta.
Seu maior orgulho é ser um “autodidata de Tracunhaem, porque aprendi com todo mundo lá, não tinha negócio de aula, a gente aprendia com um, aprendia com outro”, mostrando que, na vida e na arte, tudo é coletivo.
Os trabalhos de Daniel Lima podem ser conferidos em seu perfil no Instagram: @filhosdobarro. Confira abaixo um vídeo onde o artista conta a sua inspiração para representar um coração no casco de um navio petroleiro.
