Vitória: Justiça desapropria Cambaíba, onde presos eram incinerados

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[VOZ DA RESISTÊNCIA] A juíza substituta Katherine Ramos Cordeiro, da 1ª Vara Federal de Campos, autorizou a desapropriação do Conjunto Cambaíba e Conjunto Caetás e Cedro, localizados em Campos dos Goytacazes (RJ). A área, tida como improdutiva, será destinada ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), para assentar famílias de camponeses que ocupam a área desde 2013. Leia a decisão aqui.

O local é marcado por simbologias e tragédias. A usina foi utilizada na ditadura militar (1964-1985) para incinerar corpos de presos políticos e opositores do regime. Em 2014, o ex-delegado do DOPS, Cláudio Guerra, foi até a usina de Campos com a Comissão Nacional da Verdade e mostrou como os corpos eram incinerados.

Em livro, Guerra afirmou que pegava os corpos na “Casa da Morte” de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, e no quartel da Polícia do Exército da Rua Barão de Mesquita e levava para a usina de Campos, para serem incinerados. Acredita-se que o corpo de Felipe Santa Cruz, pai de Felipe de Santa Cruz Oliveira, atual presidente da OAB, tenha sido incinerado no local

Em 2013, a área foi ocupada por ativistas do Movimento Sem Terra em 2013. No mesmo ano, uma das lideranças da ocupação, Cícero Guedes, foi assassinado, em um caso sem solução até hoje. O principal suspeito foi absolvido. Em 2019, por desentendimentos entre os ocupantes e o MST, o acampamento foi formalmente desligado do movimento.

A usina Cambaíba é um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500 hectares. Esse latifúndio foi considerado improdutivo pela Justiça em 2012. A área pertencia a Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio de Janeiro. A atual proprietária dos imóveis é a AVM Construções. Cabe recurso da decisão.

Foto: Ana Costa/Arquivo pessoal