Viúvas da P-36 emocionam conferencistas e destacam luta pela segurança

Das 11 viúvas da P-36, nove estão participando da Conferência Sindical Internacional Segurança no Trabalho Offshore, que teve abertura solene na noite de hoje, no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, e tem programação que se estende até a quinta, 17. Em nome de todas, duas viúvas, Ivani Couto e Marilena Sousa, falaram aos participantes do evento e, em tom emocionado, destacaram a importância da luta pela segurança.

Ivani, viúva de Ernesto de Azevedo Couto, chamou a todos de “companheiros” e disse que assim poderia se referir aos trabalhadores presentes, uma vez que todos a reconheciam pelo nome, diferentemente da Petrobrás, para quem ela afirmou ser a “pensionista número 135.888”.

Além de contar a sua experiência de dor e de chamar as demais viúvas de “irmãs”, ela lembrou que, além de homenagear a memória dos 11 mortos, é preciso cuidar dos sobreviventes da tragédia, que continuam marcados dolorosamente até hoje.

“Onze ficaram na P-36, mas e os outros cento e tantos que foram desembarcados? Como está a cabeça desse povo? Eles se sentem seguros? Eles falam: mãe, filho, papai vai, mas será que volta?”, questionou.

Marilena Dias de Sousa, viúva de Josevaldo Dias de Sousa, agradeceu pelo sindicato e os petroleiros da região manterem viva a memória da tragédia. Para ela, “emprestar a nossa voz pode servir de mudanças, abracei este ideal porque acredito nisso”, destacando que nesta década houve alguns avanços na questão da segurança em razão da luta dos trabalhadores.

“Há alguns avanços sim. O direito de recusa foi um. As interdições de plataformas também. A petrobras é nossa e não queremos manchar a sua imagem, mas queremos que ela respeite a vida”, disse.

Ela leu um poema que escreveu nesta madrugada, no horário exato quando se completava uma década da tragédia, e provocou grande emoção entre os participantes. O texto, que ela também havia lido em ato público na manhã de hoje no aeroporto de Macaé, está disponível aqui.