Vozes se erguem contra a ditadura e o golpe de 1964, que continua sendo defendido pelo governo

Enquanto movimentos se unem contra a violência do Estado, na ditadura e mesmo depois, Defesa diz que golpe foi “marco” democrático

Uma série de atividades em redes sociais marcará, nesta terça-feira (31), o repúdio ao golpe de 1964 e seus defensores, além do apoio ao Estado democrático de direito. A partir das 14h, por exemplo, haverá um “twittaço” com hashtags como #ditaduranuncamais e #luto na janela. A lembrança mostra ser continuamente necessária, porque o atual governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue ecoando o movimento de 31 de março/1º de abril.

O Ministério da Defesa, por exemplo, afirmou, nesta segunda-feira (30), que 1964 foi “um marco na democracia”, ainda que o regime instaurado naquele ano tenha significado cassações de opositores políticos, exílio, prisões, tortura, censura e desaparecimentos forçados, muitos não esclarecidos até hoje. A ordem do dia é assinada pelos ministros da Defesa e das Forças Armadas – que nunca reconheceram sua responsabilidade institucional pelo golpe, contrariando uma das recomendações da Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final.

Assim como ocorreu no ano passado, uma caminhada, denominada Vozes do Silêncio, seria realizada em memória das vítimas e contra a violência do Estado, durante a ditadura e também na democracia. Com a pandemia, foi substituída por uma vigília nas redes. Em 2019, aproximadamente 10 mil pessoas participaram de ato no parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Vozes do Silêncio

A manifestação de certa forma foi “estimulada” pelo presidente Jair Bolsonaro, que se declarou a favor de celebrações pelo golpe. Com isso, ele desrespeitou outra recomendação da Comissão da Verdade, pela proibição de atos a favor de 1964, algo “incompatível” com o Estado de direito.

Das 18h às 20h, haverá um “web-seminário”, com transmissão pelas páginas do movimento Vozes do Silêncio e da TV GGN, entre outras, com moderação do jornalista Luis Nassif e da procuradora da República Eugênia Gonzaga, ex-presidenta da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, destituída no ano passado por Bolsonaro. Depois, das 20h30 às 21h, está programado um “barulhaço” nas janelas, seguido de novo “twittaço” contra a ditadura.

A programação segue com entrevistas e show, das 21h30 às 22h. A partir desse horário, será exibido o filme O Dia que Durou 21 anos, dirigido por Camilo Tavares, que mostra a participação norte-americana nas origens do golpe.

Mais informações sobre as atividades podem ser nas redes e também pelo site https://vozesdosilencio.com.