Nascente 953
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Editorial
Jamais esquecer
Há um vídeo destes virais, que circulam pelas redes sociais, que simula uma entrevista de rua, onde é perguntado a um pedestre quantas mortes são razoáveis em acidentes de trânsito para um determinado contingente populacional. Um pesquisador indaga se 70 seria aceitável, em uma cidade de milhões de habitantes. O entrevistado responde que sim. Neste momento, dobram a esquina 70 integrantes da sua família, e o entrevistador questiona novamente: seria aceitável?
O mesmo se aplica a acidentes do trabalho. Como também diz o vídeo, “todo mundo é importante para alguém”. Se a gestão da Petrobrás e das empresas privadas do setor petróleo tratam os petroleiros como números, os trabalhadores não podem fazer o mesmo.
Por isso, um dos compromissos fundamentais que tem atravessado gerações de petroleiros é o de não arrefecer no combate à insegurança. Uma das formas de fazer isso é rememorar grandes tragédias. Cada vida perdida para a negligência da gestão é uma tragédia em si mesma, mas aquelas que provocam comoção simultânea em um grande contingente de pessoas acabam por oferecer a possibilidade didática de alertar com mais ênfase sobre um risco diário.
Avisos recorrentes são dados. Não há semana sem que ocorra alguma forma de vazamento, incêndio ou outro tipo de acidente, que causam traumas, ferimentos, amputações e até mortes, sempre com o fantasma de uma grande tragédia a espreitar.
Nesta semana, quando se completaram 32 anos da tragédia de Enchova, o Sindipetro-NF dedicou o seu contato com os trabalhadores no Heliporto do Farol de São Thomé para marcar a passagem da data, o 16 de agosto. Houve homenagem aos mortos e feridos e a reafirmação do compromisso de jamais esquecer.
Espaço aberto
Resposta a Parente
Texto apócrifo de um petroleiro*
A Petrobrás nasceu de uma campanha nacional que trazia a ideia de que os recursos energéticos estratégicos devem estar sob controle nacional. E essa ideia fez a empresa se desenvolver com o monopólio do mercado brasileiro, que formou a base para o surgimento da gigante que é hoje.
É concreto que a maior parte de seu corpo técnico tem esse sentimento nacionalista. Mas todo o plano de negócios atual da companhia está alinhado com o mercado financeiro, que não vive dentro de uma política patriota.
Então qualquer discurso que não aluda a campanha do Petróleo é Nosso, será ineficiente no que se refere a valorização da força de trabalho, que tem como valor, o orgulho de ser reconhecido como o combustível de uma empresa que serve ao Brasil.
Fora desta visão nacionalista na vanguarda das teorias de gestão empresarial, estão os princípios de Sun Tzu, que são considerados adequados as situações empresariais, por transcender o contexto militar. E no que se refere à propaganda, o texto a seguir, reflete bem a imagem que as ultimas ações implementadas pelo plano de negócios e gestão atual, modelam como representação de nossa solidez:
“A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.”
Apesar de parecer uma aberração a dualidade de frase acima, ela pode ser interpretada com o último negócio entre a Petrobrás e a Statoil. Ao passo que a Petrobras se defende vendendo ativos, a Statoil ataca comprando. Dentro do mesmo campo de batalha em crise. Em resumo estamos nos demonstrando uma empresa enfraquecida que está recuando dos campos de batalha através da venda de ativos. Somado ao fato da grande mídia nos taxar como corruptos e ineficientes.
E para finalizar valorizar a força de trabalho é não aterroriza-la com mensagens obscuras. Em que mundo pode-se acreditar que um PIDV é respeito ao trabalhador. Está óbvio na mensagem de que quem não for por bem vai por mal!
* De acordo com política de publicação descrita abaixo.
Capa
ASSEMBLEIAS NO NF DE 22 A 28 RUMO À MOBILIZAÇÃO DE 31
Categoria se prepara para protesto contra abusos e perseguições que cresceram recentemente nas plataformas e em Cabiúnas
O próximo dia 31 será de mobilizações intensas na Bacia de Campos, com o início de um protesto que tem previsão de durar 48 horas nas plataformas e no terminal de Cabiúnas. O indicativo do sindicato será avaliado pela categoria petroleira em assembleias a partir da próxima segunda, 22 (confira calendário abaixo).
A data escolhida para o começo do protesto faz referência a um dos locais mais crônicos de perseguição na Bacia de Campos, a plataforma P-31, onde os trabalhadores estão em Operação Padrão.
Nesta unidade, os petroleiros denunciam uma série de abusos e perseguições, que continuam mesmo com a plataforma mobilizada. Na semana passada, um ex-membro da Cipa, que deixou recentemente a comissão e é reconhecido por sua militância, sofreu uma transferência injustificada e arbitrária.
Como ocorreu em mobilizações anteriores, o tipo de protesto será informado às vésperas da atividade. O objetivo é denunciar as perseguições a cipistas, militantes e líderes que, além da P-31, também acontecem em diversas plataformas e no terminal de Cabiúnas.
O sindicato tem apontado que, desde a posse do atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, aumentaram os casos de abusos gerenciais, arbitrariedades e práticas antissindicais em vários pontos da companhia, o que também ocorre na Transpetro.
São “punições injustas, transferências por motivos infundados, entre outras formas de perseguição a trabalhadores que participam das mobilizações. Para o Sindipetro-NF, a categoria não aceita a coação da gestão e tem um histórico de luta em defesa da liberdade de organização e reivindicação”, registrou a edição passada do boletim Nascente.
O sindicato orienta a categoria a enviar informações sobre casos de perseguições e punições nos seus locais de trabalho para [email protected].
Assembleias
Cabiúnas
Grupo E Segunda , 22 15 h
Administrativo Terça, 23 7h
Grupo A Quarta, 24 15h
Grupo D Quarta, 24 23h
Grupo B Quinta, 25 15h
Plataformas
De sexta, 26, a domingo, 28, com retorno de atas até 12h da segunda, 29.
Indicativo:
Mobilização de 48 horas a partir de 0h de 31/08. O tipo de mobilização será divulgado nas assembleias para UTGCAB e antes da realização de assembleias para as plataformas.
Insegurança
PVM-3 parada após vazamento
Até o fechamento desta edição do Nascente, na tarde de ontem, continuava parada a produção na plataforma PVM-3. A interrupção foi provocada por vazamento no duto que escoa o petróleo produzido na unidade para Pargo, no último domingo. Somente na terça, 16, o Sindipetro-NF foi informado do acidente, pelos trabalhadores. A área de SMS da Petrobrás confirmou o caso apenas depois de ser questionada pelo sindicato.
Os petroleiros também relataram à entidade que há uma grande redução de efetivo em PVM-3, fruto de uma nova e extremamente arriscada forma de operação de modo desabitado. Para o sindicato, a denúncia aponta exatamente que esse argumento de desabitação está sendo usado para desrespeitar as escalas de trabalho e promover uma redução drástica do efetivo, mesmo tendo sido adiada a nova forma de operação.
O Sindipetro-NF orientou os petroleiros a convocarem reunião extraordinária da Cipa. Sobre a redução de efetivo, o sindicato já acionou o SMS da UO-BC e aguarda resposta da empresa.
Precarização da segurança
“O sindicato já denunciou a todos os órgãos de fiscalização o projeto que intitulam de “otimização”, mas que na prática é pura economia com precarização da segurança”, afirma o Coordenador do Sindicato, Marcos Breda.
Nova frente de luta
Plebiscito para impedir entreguismo
A FUP e seus sindicatos iniciaram campanha que reúne assinaturas dos parlamentares pela admissibilidade de proposta que prevê a realização do plebiscito nacional do pré-sal. O objetivo é saber da população o modelo de exploração do petróleo que deve ser adotado na camada. Atualmente tramita na Câmara dos Deputados o projeto 4567/16, que teve origem em proposta do senador José Serra (PSDB-SP), que pretende retirar da Petrobrás a condição de operadora única do pré-sal, com, no mínimo, 30% dos poços.
Para o movimento sindical, o projeto de Serra é entreguista e causaria grandes danos ao futuro do País, comprometendo investimentos em áreas sociais e a soberania na produção de um bem estratégico como o petróleo. Vídeo gravado pelo coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, explica as motivações do plebiscito e chama a sociedade à participação (bit.ly/2aMR3W2).
A proposta do plebiscito foi apresentada na semana passada, pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Para ele, não é possível tomar qualquer decisão dessa relevância sem que a população seja consultada. “Eu tenho convicção de que o povo brasileiro não aceitará abrir mão do Pré-Sal para entregá-lo às multinacionais”, adiantou o parlamentar.
Enchova 32 anos
Ato lembra tragédia e desmonte atual
Diretores do Sindipetro-NF e categoria petroleira realizaram na manhã desta terça, 16, um ato no aeroporto de Farol de São Tomé em lembrança do 32 anos de acidente na plataforma de Enchova — mesmo dia do Dia Nacional de Luta por direitos. Para o Coordenador do Sindipetro-NF, Marcos Breda, “a tragédia de Enchova deve ser relembrada pelos petroleiros como motivação para a luta que se faz necessária nesse momento. A situação política do país aponta para a entrega a interesses extrangeiros, o sucateamento, a insegurança crônica e a redução de efetivos, ou seja o desmantelamento da Petrobrás e por tabela de toda cadeia produtiva do setor petróleo, com consequências para próprios e contratados. Foi exatamente nesse contexto que os grandes acidentes de Enchova e P-36 aconteceram. Lutar para mudar essa realidade é também lutar pela vida”.
A diretoria orienta que a categoria denuncie ao NF e use o direito de recusa em qualquer situação que não se sentir segura, um direito previsto no anexo 2 da NR-30.
Por Petrobrás forte
Greve na BR segue contra o desmonte
Das Imprensas do NF e da FUP
Com apoio e participação das direções sindicais petroleiras, a greve dos trabalhadores da BR começou na última segunda, 15, e segue até amanhã, interrompendo a distribuição de combustíveis em várias partes do país. O objetivo é frear a entrega de 51% das ações da subsidiária, que é a maior e mais rentável distribuidora de combustíveis do país.
A venda da empresa, além de quebrar a integração do Sistema Petrobrás, acelera a doação de ativos estratégicos da estatal ao setor privado. Pedro Parente age rápido, como fez com Carcará, e já sinalizou que as próximas unidades a serem entregues são a Transpetro e as refinarias.
Para o movimento sindical, o momento é grave e exige resistência da categoria. A FUP e seus sindicatos apoiam e participam da greve dos trabalhadores da BR. A paralisação atinge dez bases: Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe, Ceará e Rio Grande do Norte.
Normando
A democracia há de vencer?
Carlos Eduardo Azevedo Pimenta*
Na última terça, 16, a presidenta Dilma Rousseff finalmente enviou sua mensagem ao povo brasileiro e ao Senado Federal intitulada “Mensagem ao Senado e ao Povo Brasileiro”.
Conforme já era esperado, a carta reforça a necessidade de respeito ao processo democrático brasileiro, ora posto em xeque pelo golpe em curso, bem como a ausência de qualquer irregularidade em sua administração, aliás é certeiro seu posicionamento ao afirmar que:
“Os atos que pratiquei foram atos legais, atos necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles, e também não é crime agora”.
A esta altura do campeonato é vital estar claro a todos que o processo de impeachment é motivado pelas conquistas adquiridas pelos trabalhadores nos últimos treze anos, e pela política social adotada no governo Lula e continuada por Dilma.
Um outro ponto defendido na carta é a realização do plebiscito para antecipação das eleições. Cabe destacar que essa proposta, já há muito ventilada, possui, inclusive, o posicionamento contrário do cabo eleitoral do PSDB, Ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
A divulgação do documento é um movimento político acertado, demonstra que Dilma Rousseff ainda tem capacidade de governar o País, caso ocorra a absolvição, entretanto, é muito pouco e muito tarde para gerar o efeito político desejado.
A presidenta foi afastada no dia 12/05/2016, ou seja, aproximadamente, há três meses, nesse tempo, o usurpador MiShell Temer seguiu à risca a cartilha dos golpistas, articulou com diversos Senadores, concedeu cargos estratégicos a aliados estratégicos, viu e soube utilizar o crescente empenho do empresariado e do mercado financeiro em sua manutenção na presidência.
Uma simples busca na internet torna latente as intenções do usurpador em honrar os compromissos assumidos com o empresariado, não é sem razão que propostas de “aperfeiçoamento” da legislação trabalhista e previdenciária estão em pauta no planalto.
Acredito que não existam dúvidas quanto a honestidade da presidenta e quanto ao golpe ora perpetrado e concordo com ela quando afirma que para o fortalecimento da democracia no País, é necessário que “o Senado encerre o processo de impeachment em curso”, infelizmente, a democracia vive momentos nebulosos, porém, apesar de tudo, amanhã há de ser outro dia.
*Interino. Assessor jurídico do Sindipetro-NF. [email protected]
Curtas
Fora racismo
A CUT-RJ vai entregar a candidatos nas próximas eleições uma proposta de combate ao racismo. O documento foi discutido nos últimos dias 11, 12 e 13, no Rio, em seminário que teve como tema “Racismo Institucional e seus impactos e entraves na luta pela esquerda”. O diretor do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, que também faz parte da Unegro Campos, participou do evento, que ainda com as presenças de pensionistas da base do Norte Fluminense.
Benzeno
Terminou na sexta, 12, as inscrições para o Curso “Benzeno na Indústria do Petróléo”. Sessenta e uma pessoas se inscreveram. As palestras, que vão de 23 a 25 de agosto, serão realizadas na sede de Campos dos Goytacazes da entidade. As palestrantes serão as doutoras da Fundacentro-SP, Arline Sydnéia e Patrícia Moura Dias. Confira programação e outras informações em bit.ly/2beHsbE.
Suspeitos
Homens que disseram ser policiais à paisana em horário de folga, estiveram nas sedes do Sindipetro-NF em Campos, nesta semana, e em Macaé, há três semanas, fazendo perguntas sobre o sindicato. Queriam saber, por exemplo, quando haveria novas manifestações. A entidade considerou suspeita a abordagem e vai usar as imagens para registrar queixa crime, de olho em possíveis coações à liberdade de organização sindical.
Primeiramente
Na manhã da terça, 16, a CUT e demais Centrais sindicais reuniram mais de seis mil pessoas na frente da Fiesp. A manifestação fez parte do “Dia Nacional de Mobilização e Luta por Emprego e Garantia de Direitos”, que contou com protestos por todo o país. “Assim como a Fiesp avisou que não pagaria o pato, os trabalhadores também não vão”, alertou Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT.