Editorial do Nascente: Ruas agora com um só alvo

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Antes das manifestações de 2013 havia uma insatisfação crescente que a grande mídia fazia de conta que não via. Quando elas estouraram, ainda ficaram reticentes nas primeiras horas em reconhecer a dimensão de um levante que atirava para vários lados. Depois veio uma cobertura em três fases: a primeira em tom de condenação aos “vândalos”, a segunda como saudação à democracia, e a terceira como apropriação das pautas para direcioná-la contra o governo Dilma.

Mas não foi apenas a mídia que ficou inicialmente tonta diante do que estava acontecendo. A parte institucionalizada da política também ficou, tanto de esquerda quanto de direita. Em seguida, como o governo do momento que se tinha para derrubar era o de Dilma, o que restou daquela energia acabou infelizmente sendo usada para o atraso do golpe.

Nos últimos dias, no entanto, o retorno às ruas tem se dado com mais foco, com uma agenda muito definida, que é tragicamente oferecida pelo governo golpista de Mishell Temer.

Se antes estava ainda turva a ideia de golpe geral, ela agora se torna mais clara por meio dos golpes específicos: são estudantes contra a reforma do ensino médio, os trabalhadores contra a reforma da previdência, e todos contra a PEC 241, que é um tiro de morte nas políticas públicas de saúde e educação.

Há também outra agenda que une a todos: contra a entrega do pré-sal, embora este tema não tenha sido ainda assimilado em sua importância por toda a população.

Somando a este movimento crescente nas ruas, há a articulação para a realização de greves fortes, entre elas a dos petroleiros, culminando com uma greve geral. Tudo indica, portanto, que o grito do povo vai crescer em volume nos próximos dias. E dessa vez as ruas têm o mesmo alvo.

 

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