John Abbott, diretor da área de abastecimento e refino da petroleira anglo-holandesa, Shell disse em entrevista ao jornal inglês da área de economia e finanças, Financial Times, que as operações deste setor, chamado de “dowstream”, é a mais lucrativa da petroleira e, segundo suas palavras isto “reforça as justificativas a favor do modelo das grandes petroleiras de ter presença em toda a cadeia de negócios, da plataforma de perfuração à bomba de gasolina”.
Abott disse mais “em uma empresa integrada de petróleo, você aprende que o valor pode deslocar-se para cima e para baixo ao longo da cadeia”, disse Abbott. “Mas o ‘downstream’ é um motor constante de dinheiro para pagar dívidas, pagar dividendos e financiar o crescimento.”
A matéria na versão original a que esta nota se refere é do jornalista Andrew Ward do Financial Times e pode ser lida aqui, ou em sua republicação, edição do Valor, hoje, 31/07/2016, P. B3, aqui.
Todos que questionam o processo de desintegração que a gestão do Parente/Temer faz com o leilão de ativos da holding Petrobras há muito dizem, que uma petrolífera precisa ter uma forma de atuação integrada e nunca marginal apenas na produção.
Assim, a ideia sempre foi de fazer da Petrobras uma empresa que vai do poço ao posto. Ao longo de décadas a estatal foi se estruturando e ganhando competitividade em vários setores da cadeia produtiva do petróleo, desde a produção inovadora em águas profundas, em oleodutos e gasodutos para transporte e circulação, beneficiamento e refino e produção de petroquímicos, e ainda, com atuação na distribuição e no consumo destes derivados.
Desde que Parente assumiu ele faz o inverso desintegrando a atuação da Petrobras, entregando a preço vil tanto ativos de produção (campos de petróleo), malhas gasodutos e setores de distribuição dos derivados e petroquímicos.
Assim, a fala do diretor da Shell, John Abbott, é mais que simbólica porque confirma que a estratégia que vimos defendendo é a melhor para a estatal, assim como para uma corporação global do porte da Shell.
Desta forma, a Shell não para de investir no Brasil, tendo inclusive comprado a petrolífera inglesa BG, por US$ 50 bilhões exatamente, por conta dos direitos de exploração e campos de petróleo que esta detinha no litoral brasileiro.
É ainda interessante relembrar que este processo de desintegração que se faz da Petrobras, permite que outras grandes petroleiras globais se verticalizem, ampliando assim, o controle mundial de ativos em diferentes nações. Eu analiso este processo em minha pesquisa e apresento na tese de doutorado, que será defendida, em março no PPFH-UERJ a representação gráfica com a imagem abaixo (p. 205).
Fonte: Tese de doutorado do blogueiro (p.205) cujo título é “A relação transecalar e muldimensional “Petróleo-Porto” como produtora de novas territorialidades”. PPFH-UERJ. (Previsão de defesa em março 2017)
O fenômeno da desverticalização e segmentação de corporações estatais é vista agora de forma mais clara no setor de óleo e gás no Brasil, mas está presente em outras partes do mundo a partir da ideia de redução do tamanho do Estado, sobre as áreas em que o monopólio seria “quase natural”, como energia elétrica, saneamento (água e esgoto) e óleo e gás.
Voltando ao caso das petroleiras, é importante deixar registrado para aqueles com mentes colonizadas (ou os conhecidos cabeças de planilha) do mercado financeiro, mas de forma especial, para todo a população brasileira, que não há justificativas para o crime de lesa-pátria que produz o esquartejamento e venda, a preço vil, dos negócios das subsidiárias da holding Petrobras.
A Petrobras tem que permanecer integrada, com controle estatal e a serviço da melhoria de vida do povo brasileiro, possibilidade que foi ampliada enormemente, depois da descoberta que se fez da fronteira petrolífera do pré-sal, a maior das duas últimas décadas no mundo.
*57 anos, professor e engenheiro do IFF (ex-CEFET) em Campos dos Goytacazes,RJ. Pesquisador do PPFH-UERJ.
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