Nascente 982

Nascente 982

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Editorial

Um texto para homens

Nesta semana que abriga o Dia Internacional da Mulher, este é um editorial para homens, que formam a grande maioria da categoria petroleira. E o papo é sobre como parar de contribuir para a insistente permanência do machismo em nosso meio.
Senhores, é o seguinte: toda vez que seus amigos, colegas de trabalho ou parentes fizerem aquelas piadinhas clássicas sobre mulheres — sobre quem manda no relacionamento, sobre quem dirige melhor, sobre quem fala muito, sobre quem é muito instável, sobre quem é mais inteligente, entre tantas outras boçalidades —, por favor, não ria, não aprove, não passe adiante, não assine embaixo desse tipo de grosseria e desinformação.
Toda vez que alguém te disser que “não existe essa tal cultura do estupro, ela que estava dando mole”, duvide firmemente e procure pensar melhor sobre como desde pequenos os homens são criados para cometerem abusos aparentemente inocentes — todos riem na sala quando o garotinho rouba um beijo da garotinha —, a “cantarem” mulheres nas ruas, a trata-las sempre como objetos disponíveis. Como pais, festejamos os filhos “pegadores” e condenamos as filhas “vadias”.
Toda vez que alguém te disser “não existe esse tal de feminicídio”, também relute em aceitar de pronto uma afirmação dessa natureza, e procure informações sobre o número alarmente de mulheres que são assassinadas somente pelo fato de serem mulheres, por conviverem com companheiros que a subjugam e que reagem de modo violento ao que consideram insolência ou insubordinação da mulher.
Toda vez que souber de casos de assédio sexual no local de trabalho, que quase em sua totalidade têm como vítimas as mulheres, denuncie, testemunhe, não se omita. Não faça vista grossa para a situação.
Se ainda não for possível uma mudança de conduta em razão de uma falta de identificação com a condição da mulher, se ainda não o for por falta de uma convicção da necessidade de levar adiante um processo civilizatório, que ao menos seja em respeito às nossas mães, às nossas filhas, às nossas irmãs.
E nunca se esqueça: lugar de mulher é onde ela quiser.

 

Espaço aberto

O feminino no conflito de gênero

Conceição de Maria*

Um tema que problematiza a discussão do livro “Nova era – A civilização Planetária”, de Leonardo Boff, é a integração do feminino no homem e na mulher pois o feminino não é ser mulher ou homem, é ter gratuidade, ternura, cuidado com a vida, cuidado para com a terra, e visão da democracia social.
Se lermos os dicionários da língua portuguesa teremos o significado de feminino, que é relativo às mulheres ou próprio delas. Não devemos nos prender apenas a um conceito. Não avançaremos no que realmente seja o feminino na sociedade, porque ao entender o verdadeiro sentido, entenderemos as diferenças que devem ser respeitadas como manifestação das potencialidades do ser humano que caminha para os valores, a compaixão, a gratidão, a solidariedade e o diálogo com os mais necessitados.
E as mulheres continuam a luta nos movimentos sociais, sindicais, partidários e não deixam de atuar na família, porque ainda ouvimos de muitos que ela é o centro da educação dos filhos. Esses dias ouvi em um grupo de conversa que existem muitos desajustes na sociedade com crianças e jovens pois a mulher foi trabalhar fora. Mas só cabe a mulher a formação e a educação familiar? Ou é responsabilidade das mulheres e dos homens o empenho do educar?
Resume-se que, pensar assim, fortalece um poder de dominação em que a sociedade é fundamentalmente masculina, mas as mulheres são mais da metade da humanidade, são avós, mães, tias, irmãs, sobrinhas, dos homens, e a relação humana do feminino e do masculino nos remete à superação do machismo e integra o feminino dentro de mim e dentro de você, porque “ser um homem feminino, não fere o seu lado masculino”.
* Diretora do Sindipetro-NF e membro do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras.

 

Negligência e desmonte

NÃO É COINCIDÊNCIA!

Retomada da gestão neoliberal faz renascer ambiente de desmonte que aumenta insegurança

Nestes primeiros dois meses de 2017, a categoria petroleira tem assistido com grande apreensão e indignação a recorrência de casos de acidentes com trabalhadores nas instalações da Petrobrás. Na Bacia de Campos, as últimas semanas têm sido de vazamentos e acidentes nas áreas operacionais, um deles envolvendo um helicóptero, que tombou no heliponto da P-37.
O site do Sindipetro-NF e o boletim Nascente registraram, até o início da tarde de ontem, 18 notícias sobre acidentes ou problemas de ambiência que colocam em risco a segurança no trabalho, somente a partir de 1º de janeiro deste ano.
Tempos de neoliberalismo
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, há uma relação direta entre a gestão Mishell/Parente e a recorrência dos casos de acidentes. “Está acontecendo, como fruto dessa política irresponsável e assassina, uma redução drástica do efetivo e a aceleração do desmonte da Petrobrás. Estamos na iminência de uma grande tragédia, uma nova P-36”, denuncia Breda.
O movimento sindical petroleiro têm resistido a esta política da gestão, tanto na luta contra a insegurança do trabalho quanto no combate ao desmonte da companhia. Nos últimos anos, em razão do aprendizado doloroso da categoria com os grandes acidentes, os movimentos reivindicatórios passaram a priorizar a área de saúde e segurança, o que se refletiu em conquistas no ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) que os trabalhadores lutam para terem respeitadas.
Trabalhadores têm propostas
Contra o desmonte da empresa, os trabalhadores amadureceram um conjunto de propostas, na chamada Pauta pelo Brasil, que comprovam que o caminho da Petrobrás é o do fortalecimento da indústria nacional e da recuperação da sua operação em toda a cadeia produtiva — exatamente o contrário do que faz a dupla entreguista Mishell/Parente.
Para Breda, a degradação das condições de trabalho e a dilapidação do patrimônio público são expressões típicas do neoliberalismo. “No caso atual do Brasil, estas políticas fazem parte do golpe em curso, uma espécie de golpe dentro do golpe, onde um governo ilegítimo utiliza de todos os meios possíveis para desmontar avanços recentes que levavam o país para o sentido oposto, de aumento de direitos e de fortalecimento da economia nacional”, afirma o coordenador do NF.

Cabiúnas

Intoxicados devem procurar o sindicato

O médico do trabalho do Sindipetro-NF, Ricardo Garcia, atende hoje, na sede da entidade em Macaé, os trabalhadores com suspeita de intoxicação lotados na UTGCAB. Para isso é necessário estar sentindo algum dos seus sintomas que são dor de cabeça, vertigem, confusão, náusea, vômito, diarréia e inconsciência. O trabalho começou a ser realizado ontem.
Desde março de 2016 chegam ao sindicato e na Cipa relatos sobre esta intoxicação na base. Segundo o diretor Cláudio Nunes, “várias ações estão sendo tomadas para pressionar a empresa a parar as unidades até que seja identificado o agente causador e sanado o problema, para evitar que ocorra algo mais grave que tonturas, desmaios ou mal estar, por causa do odor forte de enxofre que os trabalhadores estão sentido na área opera-cional”.
O Sindipetro-NF orienta aos trabalhadores que apresentem dois ou mais sintomas após sentirem um odor forte durante a sua jornada de trabalho, que se desloquem com um colega para o Departamento de Saúde de Cabiúnas e peça que seja tratada e registrada a ocorrência. Caso não abram a CAT, compareçam ao sindicato hoje e procure o médico do trabalho.
Intoxicação
A intoxicação é um acidente de trabalho, e até o fim das investigações, é obrigação da empresa registrar a CAT, mas caso ela tenha se negado, procure o sindicato conforme orientado. A orientação é para todos os petroleiros lotados na UTGCAB (Transpetro, Petrobrás e terceirizados).

Eleições sindicais

Assembleia hoje na sede do NF

O Sindipetro-NF realiza hoje assembleia para eleição da junta eleitoral que conduzirá o pleito para a nova Diretoria Colegiada e do novo Conselho Fiscal da entidade, para o mandato 2017/2020. Nessa assembleia, que está prevista para 17h30, também será definido o número de integrantes da Junta Eleitoral (de três a sete componentes).
Estão aptos para participar da assembleia os associados que preencham os requisitos do estatuto da entidade, que prevê o cumprimento da carência de 180 dias de filiação; a condição de estar em dia com as mensalidades e as contribuições excepcionais fixadas em Assembleia Geral; e não estar sob alguma sanção de suspensão ou expulsão dos quadros associa-tivos.
Confira o edital, divulgado no site da entidade no último dia 2, e na edição passada do boletim Nascente, em bit.ly/2lEsAXb.

P-35

Unidade sob risco sem comunicação

Os trabalhadores de P-35 ficaram por dois dias sem internet, telefone e sem video conferencia nesta semana. Além da dificuldade na comunicação com as famílias, a falta da video conferência impossibilita o atendimento médico remoto. Ontem, o serviço se mantinha instável.
O Sindipetro-NF cobrou da gerência a solução imediata do problema. Na visão da diretoria do NF, esses problemas fazem parte do processo de precarização da empresa, que só vem piorando com a gestão Mishell/Parente. A plataforma é a mesma que sofreu abalroamento de uma embarcação no dia 17 de fevereiro.

SETORIAL, FILME E DEBATE AMANHÃ

O Sindipetro-NF realiza desde a terça, 7, atividades nas bases e em suas sedes para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março. A programação inclui atos nas unidades de terra, exibições de filmes com debates e participações em transmissões ao vivo da TV NF pelo Facebook.
Uma das ênfases é o combate à Reforma da Previdência, medida que tramita na Câmara dos Deputados como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. Nesta proposta, as mulheres vão ter que trabalhar mais, tanto quanto os homens. Ela acaba com critérios diferentes de gênero e adota idade mínima de 65 anos para trabalhadores e trabalhadoras como condição para requerer a aposentadoria.
Os atos mostram os avanços das mulheres petroleiras nos últimos anos e avaliam a conjuntura nacional de retrocessos.

Programação
Atividades desta sexta, 10
7h – Setorial e ato em Cabiúnas

 

Organização

Encontro nacional dia 31

O Coletivo de Mulheres Petroleiras da FUP divulgou documento neste 8 de março onde lista as suas atividades, avanços e desafios. O documento também convoca para a participação da categoria no 5º Encontro das Mulheres Petroleiras da FUP, que será realizado de 31 de março a 2 de abril, em Curitiba, com organização do Sindipetro-PR/SC e do Sindiquímica-PR. “O evento contará com uma agenda intensa de atividades de reflexão e construção das mudanças necessárias em nossa sociedade, no âmbito do trabalho e no sindicalismo, para que cheguemos à igualdade”, divulga o coletivo.
Confira a programação completa em bit.ly/2n6zben.
15h – Exibição do filme “O Sonho de Rose – 10 anos depois” com as participação de mulheres dos movimentos sociais e debate posterior (Teatro de Macaé e Auditório de Campos).

Normando

Vinte de março: golpe da RMNR

Normando Rodrigues*

“Recebi um e-mail falando que dia 20 darão um golpe na RMNR. Não entendi nada!”
Dia 20 o Tribunal Superior do Trabalho julgará uma ação que pode tornar sem efeito todas as demais ações de RMNR existentes no País. Essa ação se chama Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica.
“Mas eu tenho ação da RMNR? É aquela do DSR que a Petrobrás pagava e agora abocanhou do meu contracheque?”
Você tem, porém não é aquela.
Você tem porque em 2010 o Sindipetro-NF ajuizou duas ações coletivas em defesa de seus associados: 0001825-87.2010.5.01.0482, da Petrobrás; e 0001829-27.2010.5.01.0482, da Transpetro.
Aquela do DSR no contracheque, que a Petrobrás subtraiu do teu salário gatunamente, violando a coisa julgado, acordo feito no TRT1, e a própria Constituição, é a Ação do Repouso.
“Ah! Já sei! Repouso (DSR) é aquela que começou com os 300 reais que paguei, e entreguei contracheques!”
É. Contudo, não começou ali. Começou também como ação coletiva do Sindipetro/NF, em 2005, para os associados. Após ganharmos no TRT1 e no TST, ao chegar à execução, a Justiça exigiu que fosse transformada em milhares de ações individuais, na tentativa de inviabilizar o processo. Só aí e que vocês entraram com os 300 reais e documentos.
“Então! Quero falar sobre essa ação do DSR…”
Conversaremos sobre ela. Todavia, a prioridade até o dia 20 é a da RMNR.
“OK. E o que é essa da RMNR?”
Em 2007 a Petrobrás criou sozinha, e depois conseguiu colocar no Acordo Coletivo, a fórmula para tentar nivelar remunerações, e evitar a alegada evasão de novos empregados que, sobretudo em sua área administrativa, estariam sob cooptação de outras empresas.
Surgia a “Remuneração Mínima por Nível e Regime”, na ocasião considerada uma vitória, por sindicatos com importantes bases administrativas, como o Sindipetro-RJ.
Com a cláusula de criação da RMNR, foi estabelecida uma remuneração mínima para cada carreira. Os valores mensais de cada empregado, abaixo dessa linha, seriam acrescidos de uma parcela para a garantir. Essa parcela é o complemento da RMNR, no seu contracheque.
“Bom! Tá no TST, tá tranquilo, né?”
Amigo, vivemos o Brasil do Golpe. As forças políticas que rasgaram 54 milhões de votos são capazes de qualquer coisa, e os tribunais se limitam a aprovar bajuladoramente.
Quer um exemplo?
Nesta terça, dia 7 de março, o mesmo TST determinou que o Governo Golpista não precisa mais divulgar a lista das empresas que lucram com o trabalho escravo!

*Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

Curtas

Imposto Sindical
Sindicalizados ao NF têm solicitado emissão de documento de quitação da contribuição sindical, para que não haja desconto do Imposto Sindical. O diretor administrativo, Rafael Crespo, explica que a expedição desse documento não cabe ao Sindipetro-NF. De acordo com o artigo 585 da CLT, o documento é devido somente pelos sindicatos representativos das profissões liberais. O NF devolve aos sindicalizados a parcela que caberia à entidade no Imposto Sindical.

PCH-1
Manifesto da categoria em PCH-1 denuncia as más condições de habitabilidade e critica a gestão da Petrobrás sobre a política de consequência de SMS. “A empresa na maior desfaçatez ainda inventa um sistema de tratamento de condutas de SMS, quando a gestão é a primeira a descumprir seus princípios”, afirma o documento. Veja a íntegra em bit.ly/2mYL4WR.

Cipas de Bordo
Diretores do NF participaram na terça, 7, de embarques para participação nas reuniões de Cipa de Bordo. Na maioria dos casos, a empresa continua a não respeitar o direito de embarcar no dia anterior. A exceção da semana foi a P-56, na UO-Rio, que fez o embarque na segunda, 6. Além desta plataforma, houve reuniões com presença dos sindicalistas nas unidades P-07, P-09, P-32, PCH-2, PCP-1/3, PGP-1, PNA-2 e P-65.

Normando
O escritório Normando Rodrigues Advogados, que presta assessoria ao NF e à FUP, inaugurou filial em Campos, na terça, 7, na sala 606 do edifício Connect Work (Saldanha Marinho, 458). “A ideia é atender tanto ao movimento social e à Esquerda, no atual cenário de resistência ao Golpe, como às questões individuais”, explica o advogado Normando Rodrigues.

ORGANIZANDO A LUTA
Representantes de sindicatos e de entidades dos movimentos sociais estiveram reunidos na sede do Sindipetro-NF, em Campos, para organizar as mobilizações contra a chamada “Reforma da Previdência”, mais um golpe em curso contra os trabalhadores brasileiros. A entidade participará dos protestos na região e fará setoriais com a categoria para esclarecer sobre as ameaças da reforma.