O Brasil sofreu um impacto de R$ 79 bilhões em perdas econômicas em razão dos impactos dos acidentes do trabalho entre 2012 e 2018. Neste período, 4,5 milhões de acidentes do trabalho foram registrados, gerando cerca de 16 mil mortes. Os dados foram apresentados pelo economista Iderney Colombini, técnico do Dieese que assessora o Sindipetro-NF, em audiência pública na Câmara de Vereadores de Campos dos Gotcazes, nesta tarde.
Por iniciativa do sindicato e por meio de proposição do vereador Fábio Almeida (PPS), a audiência discutiu os impactos dos acidentes do trabalho sobre a economia. O Brasil, ainda segundo Colombini, ocupa a quarta pior colocação em ranking da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de acidentes de trabalho.
O economista alertou para o fato de que o cenário atual no País agrava o risco de acidentes, ao promover políticas que enfraquecem os laços de solidariedade entre os trabalhadores. “O trabalhador hoje não se vê como trabalhador, mas como empresário de si mesmo, e o colega como um competidor, o que aumenta os riscos de acidentes”, afirmou, lembrando impactos da “uberização” e da Reforma Trabalhista.
Colombini mostrou ainda que a redução dos investimentos da Petrobrás em segurança e a diminuição do número de empregados são fatores que elevam os riscos de acidentes. A companhia reduziu de R$ 427 milhões para R$ 272 milhões os investimentos na área de SMS entre 2013 e 2018, uma queda de 43%. E somente na Bacia de Campos, 33 mil empregos foram cortados no setor petróleo nos últimos anos.
Também assessor do Sindipetro-NF, o médico do trabalho Ricardo Garcia chamou a atenção para a grande exposição dos trabalhadores a agentes cancerígenos como o benzeno, além de relatar casos dramáticos de vítimas de acidentes de trabalho. O profissional da saúde alertou ainda para a prática da subnotificação nas empresas, quando os acidentes não são comunicados ou são insuficientemente informados — escondendo a necessidade de afastamento, por exemplo.
Também fizeram exposições sobre a realidade dos trabalhadores da Bacia de Campos o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, e os diretores Luiz Carlos Mendonça e André Coutinho. Da sociedade, na fase de debates, fizeram intervenções na audiência o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em Campos, João Paulo Cunha, o presidente do Sindicato dos Profissionais Servidores Públicos de Campos, Sérgio Almeida, e o dirigente da Associação Nacional dos Pós-graduandos, Yuri Costa.
Proposições
A audiência pública aprovou uma Carta de Intenções, lida pelo diretor do Sindipetro-NF, Luiz Carlos Mendonça, que será entregue à Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), para que a entidade que representa as cidades produtoras inclua na sua agenda a preocupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores do setor.
Também foi instituído o Fórum Permanente de Discussão Sobre Acidentes de Trabalho no município de Campos dos Goytacazes, para periodicamente acompanhar as políticas de prevenção e realizar cobranças por melhorias nas condições de saúde e segurança dos trabalhadores.
[Fotos: Luciana Fonseca / Para Imprensa do NF]