Expositores da Plenafup alertam que crise de 2008 ainda produz efeitos e cenário de guerras deve se manter

Vitor Menezes / Da Imprensa do NF – A crise do Capitalismo em 2008 ainda produz efeitos e, até hoje, o sistema se mantém instável e estimula guerras para se reerguer. Esta pode ser uma síntese do diagnóstico feito pelos participantes da segunda mesa de debates da 11ª Plenafup, com o tema “Conjuntura Internacional: Direita e Esquerda no mundo” e exposições de Ricardo Abreu de Melo, diretor da Fundação Maurício Grabois, e de Edson Bagnara, integrante da Direção Nacional do MST.

“A crise do Capitalismo atual começou em 2008 e é estrutural, repercute ainda. Taparam o sol com a peneira, mas os fatores ainda estão presentes. O neofascismo foi revigorado, voltou com mais força, assim como aconteceu com o mundo depois da crise de 1929”, afirma Ricardo.

Para ele, os trabalhadores e os movimentos populares progressistas vivem um momento de “defensiva estratégica”, embora tenha vivenciado na história recente algumas vitórias táticas, como podem ser exemplos na América Latina as eleições de Hugo Chavez, na Venezuela; de Lula, no Brasil, e de Néstor Kirchner, na Argentina.

“Essa ofensiva tática na América Latina se deu em um cenário geral de defensiva estratégica”, destaca o expositor.

Para Ricardo, a esquerda mundial precisa manter o foco na luta anti-imperialista, ainda que não se desconsiderem as lutas identitárias. Ele chama a atenção para o modo com estas podem ser absorvidas pelo Capitalismo, enquanto a primeira enfrenta a questão central da disputa por hegemonia.

“Se for de esquerda tem que ser anti-imperialista. Faz parte da tradição da esquerda desde o século XIX a defesa das minorias, mas temos que nos ancorar na luta anti-imperialista”, explica.

Ele chamou a atenção para o papel que a China desempenha nesta luta, uma sociedade que “pela primeira vez está superando economicamente e tecnologicamente o Capitalismo e em 15 anos vai liderar em todos os setores”, crescimento que se apresenta como uma ameaça para o imperialismo norte-americano e sua aliança com a OTAN, aumentando o risco de guerra.

Ricardo também manifestou a sua solidariedade ao povo da Venezuela, avaliando que a resistência simbolizada pelo presidente Nicolás Maduro se enquadra no contexto de enfrentamento ao imperialismo.

O integrante da direção nacional do MST, Edson Bagnara, que morou na Venezuela entre os anos de 2015 e 2021, concorda com Ricardo, avaliando que não se pode “medir o que está acontecendo lá com a régua do Brasil”, erro que, segundo ele, muitos setores da própria esquerda cometem.

“Na Venezuela aconteceu um processo em que o povo foi para o poder, e não vão deixar. Aqui [no Brasil] nós ganhamos o governo, mas não ganhamos o poder. Lá eles ganharam o poder e não vão entregar fácil. O poder popular é muito enraizado e o povo não vai entregar por conta de umas atas. Parte da esquerda quer medir a Venezuela com a nossa régua”, afirma Edson.

O expositor do MST fez ainda uma análise de conjuntura mundial mais ampla, também identificando a crise de 2008 como sendo mais uma do Capitalismo que produz como efeito a ascensão do fascismo e o estímulo a guerras. “Nesta crise mais recente, aconteceu uma superconcentração de riqueza. Hoje cerca de 500 bilionários concentram mais da metade do PIB do mundo. E outra diferença é que agora temos a presença do tema ambiental, com a questão climática”, explica.

A experiência chinesa também foi destacada por Edson, que explicou que no país asiático foi possível construir um movimento popular e operário onde a gestão das fábricas passou de fato para os trabalhadores, por meio de um processo muito particular, “o jeito Chinês”. A estabilidade se dá com a força do Partido Comunista, que tem 90 milhões de filiados. Na sua avaliação, a China está em transição para o Socialismo, que será aprofundado a partir de 2039.

A perspectiva de Edson é de que haverá um crescimento no número de guerras estimuladas pelos Estados Unidos, em busca da manutenção do seu protagonismo e hegemonia. “Os Estados Unidos estão fragilizados, estão perdendo força, mas não vão se entregar. Eles têm 900 bases militares em todo o mundo”, afirma, lembrando que o modelo imperialista sempre foi o de estimular guerras em outras regiões para manter-se dominante.

11ª Plenafup prossegue até sexta, 30

Confira a programação dos próximos dias:

Dia 28/08

7h às 8h – Café da manhã

8h – Mesa 2 – Conjuntura Internacional: Direita e Esquerda no mundo

Edson Bagnara, da Direção do MST
Ricardo Abreu de Melo, diretor da Fundação Maurício Grabois

11h30 – Almoço

13h – Mesa 3 – Petrobrás integrada: Modelos possíveis

José Sérgio Gabrielli (Ineep)
Adilson Siqueira – Escritório de Advocacia Normando Rodrigues

15h30 – Intervalo

16h – Mesa 4 – Transição Energética Justa, Machismo e Racismo Energético e Ambiental

Michelle Ferreti (Instituto Alziras)
Mahatma Ramos (Ineep)

19h – Jantar

Dia 29/08 

7h às 8h – Café da manhã

8h – Mesa 5 – Lutas da Categoria e Negociações em andamento

10h – Grupos de Trabalhos

1. GT Sistema Petrobrás e Setor Privado;
2. GT Temas a serem negociados (PLR, Plano de Cargos, Acordo de parada);
3. GT Condições de trabalho (SMS, Regime, Alimentação)
4. GT Petros e AMS
5. GT Organização Sindical

12h- Almoço

13h – Continuação dos GTs

19h – Jantar

Dia 30/08

7h às 8h – Café da manhã

8h – Plenária final

11h30 – Almoço

13h – Saída dos ônibus para o Sindiquímica PR

14h – Cerimônia de 30 anos da FUP

16h – Encerramento e confraterniziação