A coragem é a senha!

Seguindo o calendário nacional da FUP, aprovado pelos sindicatos no Conselho Deliberativo, os trabalhadores estão em estado de greve e em assembléias permanentes, intensificando as mobilizações por avanços na negociação com a Petrobrás. Na Bahia, os dirigentes sindicais realizam vigília na Rlam  desde às 16 horas desta quinta-feira (19), mobilizando os trabalhadores. Na segunda-feira (16), os petroleiros da refinaria, junto com os trabalhadores da Fafen, E&P, Biodiesel e unidades administrativas do Sistema Petrobrás na Bahia já haviam realizado uma mobilização, com atraso de quatro horas no expediente.

No Paraná, os trabalhadores da Repar realizam operações padrões desde quarta-feira (18), com atrasos na troca de turnos e boicote aos cursos. Em Macaé, no Norte Fluminense, os trabalhadores do Terminal de Cabiúnas realizaram uma vigília de 24 horas, que foi concluída na manhã desta quinta-feira (19), após resistirem às ameaças de punição por parte da gerência. Na sexta-feira 13, a categoria também foi à luta por condições seguras de trabalho e em defesa da AMS.

No Espírito Santo, na área de produção de Linhares, os trabalhadores terceirizados da Proen estão em greve desde o dia 13 e denunciaram que o preposto da empresa está contratando novos trabalhadores para substituir os grevistas, com a conivência da gerência da Petrobrás.

Fortalecer a FUP na mesa de negociação

As mobilizações têm sido intensificadas em todas as bases da FUP, envolvendo trabalhadores próprios e terceirizados do Sistema Petrobrás, conforme indicativo do Conselho Deliberativo.A empresa entendeu o recado e concordou em retomar na segunda-feia, 16, o processo de discussão do acordo coletivo. Foram realizadas três rodadas seguidas de negociação. A próxima reunião é nesta sexta-feira, 20, a partir das 9 horas. 
Apesar das tentativas da Petrobrás de reduzir o máximo possível, as reivindicações dos trabalhadores, buscando o afunilamento para o fechamento do acordo, a FUP tornou a reafirmar a pauta da categoria. O acordo em negociação tem validade de dois anos para as cláusulas sociais e é fundamental que consolide direitos que foram retirados dos trabalhadores pelos governos neoliberais e acabe com a precarização das condições de trabalho e segurança, principalmente em relação aos terceirizados. 
Fortalecida pelas mobilizações crescentes da categoria, a FUP continuará cobrando na mesa de negociação que a Petrobrás avance em questões essenciais, como saúde e segurança, terceirização, benefícios, efetivos, condições de trabalho, garantia no emprego, além do cancelamento das punições e do atendimento das reivindicações econômicas.

Com punição, não tem acordo!

Durante a rodada de negociação na quarta-feira (18), a Petrobrás condicionou a continuidade da reunião à suspensão da vigília que estava sendo realizada no Terminal de Cabiúnas, em Macaé. A FUP reafirmou que não negocia sob ameaça de punições a trabalhadores. A reunião foi interrompida e será retomada nesta sexta-feira, 20.  
É inconcebível que as gerências da empresa ajam desta forma em pleno processo de negociação, onde uma das principais bandeiras de luta da categoria é justamente o cancelamento das punições aplicadas aos trabalhadores que realizaram a greve de março.

Conselho Deliberativo terça-feira, dia 24

A FUP convocou reunião do Conselho Deliberativo para terça-feira, 24, no Rio de Janeiro, para definir os próximos passos em relação à campanha. O Conselho é formado por um representante de cada sindicato filiado e a direção colegiada da FUP.

Gerências extrapolam novamente nas mobilizações

Ameaças, pressões, intimidações e total irresponsabilidade com a segurança. As gerências da Petrobrás e da Transpetro voltaram a extrapolar nas  mobilizações da categoria. No Terminal de Guararema, em São Paulo, os dirigentes do Sindipetro Unificado-SP foram impedidos de entrar na unidade nesta quinta-feira, 19, para conversar com os trabalhadores. Na Rlam, até o fechamento desta edição do boletim, os dirigentes sindicais de base, em vigília na refinaria, enfrentavam as ameaças e pressões da gerência, impedidos de entrar na unidade. O Sindicato propôs segurar os grupos dos turnos da zero hora e das 6 horas desta sexta-feira, 20, caso o gerente continuasse impedindo o acesso dos dirigentes de base. 
Esses dois episódios ocorreram um dia após os petroleiros do Terminal de Cabiúnas, em Macaé, terem sido ameaçados de punição durante a vigília de 24 horas que fizeram. O acirramento das gerências diante de mobilizações legítimas da categoria por melhores condições de trabalho e ampliação de direitos comprova, mais uma vez, como estão despreparadas para lidarem com situações de conflito. 
Na queda de braço com os trabalhadores, alguns gerentes chegam a colocar em risco a segurança das unidades e a vida das equipes. Foi o que aconteceu na plataforma Namorado 2, na Bacia de Campos, durante as mobilizações dos dias 08 e 09. Seguindo indicativos do Sindipetro-NF e da FUP, os petroleiros suspenderam a emissão de PTs e trabalhos rotineiros. O gerente da plataforma, tentando manter a produção a qualquer custo, violou as normas de segurança, rasgando todos os procedimentos de SMS e colocando em risco a vida dos 148 trabalhadores que estavam a bordo. Leia a seguir o relato da equipe da plataforma, em denúncia feita à FUP e ao Sindipetro-NF:

“Os trabalhadores de PNA-2, em estado de greve e assembléia permanente, sob gerência do Geplat embarcado Luiz Carlos Figueira Bairral, denunciam um ato de extrema irresponsabilidade e total falta de comprometimento com a “política de SMS” da Petrobrás, realizada na plataforma pelo Coprod Inácio Jose dos Santos, ocorrido em 09/11/2009 durante o movimento de paralisação de PTs e serviços rotineiros Após a atuação de shutdown na planta (ocorrido pela manhã), foi constatado que houve um bujonamento indevido do escape da solenóide SV-60169, responsável pelo shutdown nível 3 do painel de controle automático dos poços (painel AUTOCOM), com o objetivo de retornar e/ou manter a produção. Após solicitação do Coman Ildefonso Alvarenga Cordeiro, por volta das 14:30h, a equipe de Manutenção foi ao local, onde ocorreu a constatação do fato e recomendou a retirada imediata do bujão. Em análise realizada em assembléia, foi concluído que no caso de um possível shutdown, a referida solenóide não despressurizaria as linhas dos poços, que seria um recurso de segurança de controle de emergência da plataforma, o que poderia ocasionar conseqüências gravíssimas, não somente para unidade, como também para a vida de 148 pessoas embarcadas.”

EDITORIAL: DISSIDENTES X FUP X PETROBRÁS

Culpar o adversário para minimizar ou desviar o foco dos erros cometidos. Essa tem sido a conduta dos dirigentes dos sindicatos dissidentes, desde que saíram da FUP. O adversário, no caso, é a Federação e não a Petrobrás. Os divisionistas, aliás, fazem questão de deixar bem claro para a categoria que o “inimigo” maior deles é a FUP e não o patrão. Enquanto isso, a Petrobrás vai afiando suas garras contra os trabalhadores, colhendo os frutos da divisão que os dissidentes plantaram.
Por que os divisionistas permitem isso? Eis os principais motivos: desgastar a FUP perante os trabalhadores, iludir a categoria com o canto da sereia que pregam em todas as campanhas e ter um bode expiatório para os seus fracassos. Vide a atual negociação do acordo coletivo. Fazem o jogo duplo com os trabalhadores, chamando a Federação para a unidade, mas continuam atirando incessantemente na FUP. 
A unidade se faz no dia-a-dia, fortalecendo a organização dos trabalhadores. A categoria sabe disso e já percebeu que a tática dos dissidentes é dividir e não unificar. Os erros absurdos que cometeram nesta campanha reivindicatória comprovam o quanto estão perdidos e sem respaldo em suas próprias bases. 
Enquanto a FUP constrói com os trabalhadores um processo de mobilização crescente, paralelamente à defesa da pauta de reivindicações, os dissidentes queimaram esta importante e decisiva etapa do processo de negociação, chamando prematuramente duas greves, sem um pingo de responsabilidade com suas bases. Desmoralizados perante os trabalhadores, ficaram enfraquecidos diante da Petrobrás, que se aproveita da situação tentando enrolar a categoria, com contrapropostas vazias. A FUP, por sua vez, tem conduzido o processo de negociação sem atropelos, fortalecida pela intensificação das mobilizações em suas bases, discutindo com os trabalhadores alternativas de luta nos seminários de qualificação de greve. 
Os dissidentes, sem ter mais o que fazer, anteciparam o fechamento do acordo, negociando com a Petrobrás a redução da pauta da categoria, com foco basicamente nas questões econômicas. O afunilamento da negociação, visando priorizar a conquista das reivindicações mais importantes, é um processo natural na disputa capital x trabalho. Toda negociação é um jogo de xadrez, onde é fundamental saber movimentar as peças com sabedoria e no tempo certo. Os dissidentes, que sempre acusaram levianamente a FUP de “reduzir a pauta histórica” da categoria, estão se rendendo grosseiramente à Petrobrás, fazendo o jogo da empresa para fechar às pressas o acordo. Agem na contramão da FUP, que tem buscado o tempo todo avanços em pontos prioritários para a categoria, como o cancelamento das punições, mudanças nas políticas de SMS e de terceirização, melhoria nos benefícios (AMS, Petros, auxílio educacional, licença maternidade), além das questões econômicas.
A Petrobrás se aproveita da divisão da organização sindical para cozinhar em banho-maria uma contraproposta que de fato avance no atendimento das bandeiras de luta dos trabalhadores. A FUP tem alertado os dissidentes para esta questão e insistido na reunificação do movimento sindical em uma só entidade, conclamando-os a retornarem à Federação. O adversário da classe trabalhadora é o patrão. Portanto, não adianta ficar buscando bodes expiatórios para os erros e equívocos cometidos. Vamos fortalecer a organização dos petroleiros!