Bancários decidem iniciar greve a partir desta quinta, 24

Os sindicatos dos bancários realizam assembléia em todo o país nesta quarta-feira (23) para deflagrar greve nacional por tempo indeterminado em todos os bancos a partir da quinta-feira, conforme orientação do Comando Nacional dos Bancários, caso até lá a Fenaban não apresente uma nova proposta que contemple as reivindicações da categoria: aumento real de salário, PLR mais justa, valorização dos pisos salariais, garantia de emprego, mais saúde e melhores condições de trabalho, com adoção de políticas de combate às metas abusivas e ao assédio moral. 


O Comando Nacional enviou ofício à Fenaban na sexta-feira(18) comunicando a rejeição da proposta apresentada pelos bancos no dia anterior e cobrando uma nova proposição até amanhã, para ser apreciada nas assembléias.

 “A nossa pauta de reivindicações foi entregue aos bancos no dia 10 de agosto. Após mais de um mês de negociações, eles fizeram uma proposta rebaixada que apenas repõe a inflação, diminui o valor da PLR do ano passado e ignora as outras demandas”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “É uma postura inaceitável para o setor que obteve os maiores lucros de toda a economia brasileira no primeiro semestre e alcançou a maior rentabilidade de todo o sistema bancário das Américas”.

Por que os bancários vão à greve

Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.

 

Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros. Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.

 

Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.

 

Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.

 

Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho. 

Auxílio-creche/babá. A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.

 

Auxílio-refeição. Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.

Cesta-alimentação. Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª. 

Segurança. Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.

 

Previdência complementar para todos. Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.