As 400 famílias acampadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram , de forma pacífica, ontem, 10, a ocupação da Fazenda Santa Luzia, pertencente à Usina Sapucaia, em Campos dos Goytacazes. A desocupação provisória ocorreu sob ameaças de um expressivo contingente policial e da tropa de choque da Polícia Militar. O objetivo da ação orientada pelo Governador Cláudio Castro era remover trabalhadores, crianças e idosos do terreno, sem decisão judicial que respaldasse a medida.
Durante o dia, parlamentares e representantes de órgãos públicos buscaram intervir para garantir o diálogo e a negociação com o governo estadual. Entre os envolvidos estiveram a deputada estadual Marina do MST (PT), os deputados federais Lindbergh Farias (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública. No entanto, o governador Cláudio Castro optou por tratar a situação como uma questão policial, ignorando a dimensão social do conflito agrário.
O Sindipetro-NF, aliado histórico do MST e das lutas pela Reforma Agrária no Brasil, manifestou a sua solidariedade ao Movimento, contribuiu com o envio de alimentação e água potável. O NF chegou a enviar representantes ao protesto, o coordenador geral Sérgio Borges e o diretor Guilherme Cordeiro, mas eles foram impedidos pelos seguranças da usina de entrarem na área onde cerca de 400 famílias se encontravam até a noite. Isso porque, a Coagro (cooperativa do vice-prefeito de Campos) fez um desumano bloqueio com seus seguranças impedindo que água, comida e solidariedade chegassem ao acampamento do MST.
Fazenda Sapucaia
As áreas ocupadas estão em processo de adjudicação devido a dívidas superiores a R$ 200 milhões, incluindo mais de R$ 90 milhões em débitos previdenciários não pagos aos trabalhadores. Atualmente, essas terras são arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), empresa do vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, que também acumula uma dívida de mais de R$ 3 milhões em Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não recolhido aos trabalhadores da Usina.
Apesar da saída forçada, as famílias do MST seguem firmes na luta pela terra. Elas deixam a Fazenda Santa Luzia com a esperança de que as autoridades competentes cumpram os compromissos firmados para a conclusão do processo de adjudicação nos próximos meses, garantindo a posse definitiva das terras. O ministro Paulo Teixeira reafirmou esse compromisso, assegurando que “vai adquirir essa área por adjudicação para a Reforma Agrária”.
Em seu Instagram, a Deputada Marina do MST, disse que “as famílias acampadas deixam as terras da Usina hoje com a certeza de que a luta continua e com a confiança de que as autoridades competentes se empenharão em concluir o processo nos próximos meses para a conquista da posse definitiva.”
Para a diretoria do Sindipetro-NF, a importância da luta por Reforma Agrária no país é um direito essencial para garantir acesso à terra, moradia e produção sustentável para milhares de trabalhadores rurais.