Ato no Heliporto do Farol na próxima terça vai marcar passagem dos 24 anos da tragédia da P-36

O Sindipetro-NF promove na próxima terça, 18, a partir das 7h30, um ato público no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes, para marcar a passagem dos 24 anos da tragédia da P-36, que matou 11 trabalhadores em decorrência de uma explosão em 15 de março de 2001. Todos os anos a entidade lembra o acidente ampliado, faz reverência às vítimas e reforça a luta em defesa da segurança no trabalho e da saúde do trabalhador.

Durante os atos, diretores e diretoras do Sindipetro-NF, assim como familiares das vítimas da P-36, relembram aos trabalhadores que estão embarcando ou desembarcando pelo heliporto a importância da luta coletiva para a prevenção aos acidentes de trabalho. O alerta é o de que o acidente pode acometer a qualquer um, a qualquer momento, e não se pode baixar a guarda na prevenção e na denúncia dos descasos das empresas em relação ao tema.

Dados divulgados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) nesta semana mostraram que as atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil registraram 731 acidentes em 2024. Cento e oitenta e três pessoas ficaram feridas, sendo 78 com gravidade. Uma morte foi registrada. Os registros são superiores aos observados em 2023, quando foram observados 718 acidentes, com um morto e 166 feridos (sendo 67 com gravidade).

Relembre a tragédia da P-36

No início da madrugada de 15 de março de 2001, a P-36, então a maior plataforma de produção do mundo, que operava no campo de Roncador, na Bacia de Campos, sofreu duas explosões em uma de suas colunas num intervalo de 20 minutos. A segunda explosão causou a morte dos 11 trabalhadores que integravam a brigada de incêndio da unidade.

Segundo relatório da ANP, após a segunda explosão,138 trabalhadores foram desembarcados, o que durou três horas e meia, permanecendo a bordo da unidade apenas a equipe de emergência. O time permaneceu na P-36 até às 6h30 para tentar mantê-la nivelada, mas, diante do insucesso na ação, foi desembarcada.

Houve várias tentativas de estabilizar a unidade, “particularmente a injeção de nitrogênio e ar comprimido nos compartimentos alagados para expulsão da água”, aponta o documento da agência reguladora, mas nenhuma delas teve sucesso. Após cinco dias de angústia, a P-36 foi a pique às 11h40 do dia 20 de março de 2001, levando consigo os corpos dos 11 trabalhadores mortos na tentativa de combater o incêndio na unidade.

A análise da agência reguladora constatou a existência de um “sistema de comunicação e coordenação deficientes entre a equipe de resposta à emergência e o comando da plataforma”, além de “coordenação e treinamento deficientes de pessoal nas ações de controle de estabilidade em emergência”. Isso mostra o descaso da Petrobrás para com os trabalhadores da unidade, que, à época, ainda acusaram a empresa de sobrecarga de trabalho e empregar terceirizados em excesso na plataforma.

Em suas conclusões, o relatório da agência apontou ainda “deficiências no sistema de gestão operacional das atividades marítimas de petróleo e gás natural da Petrobras na condução das atividades específicas à plataforma P-36”. Também segundo o documento, “a ineficácia das medidas para conter o alagamento ou proceder ao desalagamento da coluna de popa boreste, após o rompimento do tanque de drenagem de emergência, demonstraram falhas no esquema operacional de controle de estabilidade de unidade flutuante, em condições de avaria”.

Entre as recomendações da comissão de investigação da ANP constava o aprimoramento do sistema de gestão operacional, com “revisão e aplicação do sistema de gestão de modo a assegurar estrita observância de procedimentos regulamentares, inclusive efetuando a revisão da definição de responsabilidades relativas à manutenção, operação e segurança”; a revisão de critérios de projeto; e o dimensionamento e capacitação de pessoal, de forma a “reavaliar o dimensionamento e a qualificação das equipes de operação e manutenção de unidades marítimas, bem como daquelas responsáveis pela resposta a emergências de grande risco”.

A tragédia da P-36, além de provocar a morte de 11 petroleiros, marcou para sempre a categoria petroleira e o mundo do petróleo como um dos maiores acidentes da indústria petrolífera na história. O Sindipetro-NF, que já mantinha atuação na área de saúde e segurança, com departamento próprio desde a sua fundação, em 1996, passou a dar prioridade absoluta em relação à prevenção de acidentes. Fruto de batalha judicial empreendida pela entidade em decorrência do caso P-36, que depois passou a ser direito garantido em acordo coletivo de trabalho, os sindicatos petroleiros passaram a ter representante nas comissões que investigam acidentes de trabalho no sistema Petrobrás.

Os 11 petroleiros mortos na tragédia

Adilson Almeida de Oliveira

Charles Roberto Oscar

Emanoel Portela Lima

Ernesto de Azevedo Couto

Geraldo Magela Gonçalves

Josevaldo Dias de Souza

Laerson Antônio dos Santos

Luciano Cardoso Souza

Mário Sérgio Matheus

Sérgio dos Santos Souza

Sérgio Santos Barbosa

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