Nota do Sindipetro-NF sobre transporte aéreo na Bacia de Campos
O Sindipetro-NF sempre atuou pela segurança no transporte aéreo participando das comissões de acidentes de forma crítica e independente. Além disso, o sindicato denunciou, ao longo dos anos, a forma como a Petrobras, a Infraero e as empresas de táxi aéreo estruturaram o transporte de passageiros na região sem o planejamento necessário. Com soluções geralmente adotadas em função do aumento de demanda, não houve para o transporte aéreo o mesmo cuidado que sempre existiu no planejamento da exploração dos poços de petróleo, que tem seu planejamento pré-programado para vários anos — a exemplo do erro de projeto denunciado pelo sindicato na construção do heliporto de Farol de São Tomé. Somente depois de vários anos a empresa aceitou projetar a construção de um novo aeroporto.
A ação do sindicato resultou na renovação da frota de aeronaves, na inauguração de um novo terminal de passageiros e tantos outros itens.
Quanto ao retorno dos bancos dos S-76, é importante relembrar que a primeira retirada dos bancos foi feita em função de uma recomendação da comissão de análise do acidente com o S-76 série “A” MYM em julho de 2004. O sindicato participou desta comissão e a recomendação, relacionada à dificuldade de saída dos passageiros que usavam os bancos da última fileira, era a modernização da frota para modelos com janelas de emergência. Além disso, havia a recomendação de reduzir o peso da aeronave até que fossem contratados modelos mais potentes. Para atender imediatamente as limitações identificadas foram retirados os dois bancos das aeronaves S-76 série “A” com turbinas de 750 HP.
Iniciada a modernização da frota com a chegada dos modelos S-76 com turbinas 1000 HP séries “C+” e “C++”, com 12 bancos e com janela de emergência na última fileira de bancos, surgiram diversos questionamentos sobre a eficácia daquela saída para a evacuação da aeronave em caso de acidente. As janelas instaladas são maiores que as originais. Após o acidente de fevereiro de 2008 com o MUM e sob a pressão das várias recusas de voos realizadas pelos trabalhadores por diversos motivos, com o apoio e divulgação por parte do sindicato, as gerências decidiram retirar os dois bancos de todos os S-76.
Recentemente, a Petrobras decidiu pelo retorno dos bancos dos S-76. A decisão baseia-se na sua homologação e em um teste realizado no aeroporto de Macaé com a saída de diversas pessoas pela janela de emergência.
Em agosto de 2008, a Petrobras já divulgava sua intenção de reinstalar os bancos diante da demanda crescente. Uma videoconferência chegou a levar a categoria a acreditar que o sindicato concordava com as duas decisões, uma nota da direção naquela ocasião esclareceu nossa posição.
O sindicato publicou denúncia, no boletim da semana passada, de que havia aeronaves com 12 bancos, que impediam a retirada do bote de resgate, e que haveria aeronaves com 12 bancos da série “A” sem janela de emergência. Imediatamente a entidade buscou esclarecimentos e nesses casos a Petrobras aceitou verificar a frota e, uma vez identificadas os casos, retirar os bancos. Para identificar estas aeronaves os trabalhadores devem saber que os S76 série “A” não têm janela, ou têm uma pequena vigia que não pode ser alijada. E os botes devem ser pequenos (5 pax).
A categoria deve estar atenta aos indícios de insegurança nas aeronaves e organizar-se no momento do embarque para identificar as falhas. O sindicato sempre estará disposto a apoiar decisões de recusa de embarque, porém é importante que elas estejam fundamentadas.
A prioridade do sindicato é sempre a segurança da categoria petroleira, e em relação à segurança aérea nossa prioridade tem sido forçar a Petrobrás a investir recursos e esforços na implantação de medidas que reverta o enorme atraso que hoje existe entre a demanda e a infraestrutura implantada. Por esse motivo o sindicato denuncia os incidentes e acidentes, protocolou um documento responsabilizando o Presidente da Petrobras por um eventual acidente, participa de comissões de investigação e sempre apoia as decisões dos passageiros que usam seu direito de recusa para não embarcar.
Diretoria Executiva do Sindipetro-NF
Macaé, 07 de Maio de 2009