ORGANIZAR A GREVE

Os sindicatos iniciaram esta semana as assembléias para aprovação do indicativo da FUP de greve de cinco dias a partir de 23 de março, com controle de produção e reavaliação do movimento no quinto dia. A FUP estabeleceu prazo até o dia 18 de março para que a Petrobrás apresente uma proposta que responda às reivindicações dos trabalhadores. Qualquer proposta após esta data só será avaliada durante a greve, que tem como eixos o pagamento de uma única vez da PLR 2008, com valores condizentes com os resultados produzidos pelos trabalhadores; negociação do regramento das PLRs futuras; garantia dos postos de trabalho no Sistema Petrobrás; condições seguras de trabalho para dar um basta aos acidentes e mortes na empresa e restabelecimento do extraturno para todos os petroleiros.

Mobilização dará o tom da negociação da PLR

Atropelando o processo de negociação, a Petrobrás provisionou de forma unilateral o montante da PLR 2008, descumprindo o compromisso assumido com a categoria de discutir previamente valores e critérios de pagamento. Os trabalhadores aprovaram no ano passado uma proposta de negociação das PLRs futuras, que foi apresentado à empresa e até hoje continua sem resposta. 
O montante provisionado pela Petrobrás, apesar de superior ao valor distribuído no ano passado, representa 11,48% dos dividendos que serão pagos aos acionistas e 3,32% do lucro líquido. Ou seja, apesar do lucro da empresa ter superado em 65,55% os resultados de 2007, a relação entre a PLR dos trabalhadores e os dividendos dos acionistas caiu 1,34%.  
A Petrobrás obteve lucro líquido de R$ 36,5 bilhões em 2008, resultado, entre outros fatores, da desvalorização do real frente ao dólar e do aumento da produção, que foi o maior dos últimos cinco anos. A força de trabalho tem participação direta nos resultados obtidos pela empresa e, portanto, deve receber de forma justa a parte do lucro que ajudou a construir. 
Por isso, os principais eixos da greve indicada pela FUP são pagamento de uma única vez da PLR 2008, com valores condizentes com os resultados produzidos pelos trabalhadores, e negociação do regramento das PLRs futuras. A postura que a Petrobrás tem tido em relação à PLR não deixa dúvidas de que esta será uma negociação difícil. A mobilização da categoria é que apontará o tom deste debate.

Preparar-se para o embate

A FUP orientou os sindicatos a realizarem setoriais e seminários regionais para organização e qualificação da greve. Os trabalhadores devem preparar um movimento impactante e coeso em todo o país, com o controle da produção nas unidades de E&P, refinarias e terminais. O embate será duro e é preciso que a categoria responda com contundência aos ataques da Petrobrás. O corte do pagamento do extraturno na Replan foi a gota d`água de uma série de arbitrariedades praticadas pela empresa sob a justificativa da crise financeira. 
Os petroleiros de Paulínia responderam com greve ao ataque da Petrobrás, deixando claro que não aceitam os ônus de uma crise, cuja conta está sendo imposta à classe trabalhadora. Agora é hora de toda a categoria petroleira somar forças, se organizar e ir à luta em defesa de seus direitos.

P-36: oito anos depois, gestão de SMS da Petrobrás continua matando trabalhadores

Dia 15 de março é uma data que os petroleiros jamais esquecerão. Há oito anos, um acidente gravíssimo na P-36 causou a morte de 11 trabalhadores e fez afundar a maior plataforma da Petrobrás na época. O acidente transformou-se em símbolo da gestão neoliberal do tucanato, que sucateou a empresa, preparando-a para a privatização; terceirizou atividades essenciais; cortou e flexibilizou uma série de direitos da categoria (entre eles, o extraturno) e impôs uma política de SMS cujo objetivo era garantir os lucros e resultados, em detrimento da saúde e segurança dos trabalhadores. 
De lá para cá, houve mudanças significativas na gestão da Petrobrás. Os trabalhadores recuperaram muitos dos direitos que haviam perdido, mas ainda não conseguiram avançar em dois embates fundamentais: o SMS e a terceirização, áreas onde as gerências locais continuam dando as cartas, independentemente do que é acordado pela FUP e sindicatos com o Corporativo da empresa. A complacência da direção da Petrobrás com esta situação faz perpetuar políticas de SMS e de terceirização herdadas de gestões neoliberais e conservadoras, cujos expoentes ainda encontram eco na empresa. 
Nestes últimos oito anos, mais de 130 trabalhadores perderam a vida em função desta gestão falida. Oitenta por cento dos acidentes continuam vitimando os terceiriza-dos, cujas condições de trabalho diferenciadas evidenciam a responsabilidade da Petrobrás nas mortes e mutilações destes trabalhadores. A greve indicada pela FUP tem também por objetivo cobrar da empresa mudanças estruturais nas gestões de SMS e de terceirização. Os petroleiros do setor privado somarão forças neste embate, parando as atividades no dia 23, data nacional de luta dos terceirizados.
 
Trabalhadores terceirizados preparam dia nacional de luta

No dia 23 de março, data de início da greve indicada pela FUP, os trabalhadores terceirizados irão parar suas atividades por 24 horas, cobrando da Petrobrás uma resposta à pauta de reivindicações apresentada em 2007 pela categoria e que até hoje não foi respondida pela empresa. O Dia Nacional de Luta dos Petroleiros do Setor Privado é uma das principais datas do calendário dos trabalhadores que prestam serviço para a Petrobrás. Este ano, a luta será unificada com a greve de cinco dias, que tem também por eixo a garantia dos postos de trabalho em todo o Sistema Petrobrás e condições seguras de trabalho para acabar os acidentes e mortes na empresa.
Querem lucrar com a crise
Assim como a Petrobrás, as empresas prestadoras de serviço têm se aproveitado do cenário de crise mundial para reduzir custos em cima dos trabalhadores. A Schlumberger e a Halliburton, duas gigantes multinacionais do setor, estão sem acordo assinado com as representações sindicais da categoria desde maio do ano passado. Sem reajuste salarial, os trabalhadores ainda vivem sob o clima constante de demissões. A Halliburton já anunciou cortes na Bacia de Campos. 
Essas duas empresas estão claramente se aproveitando da crise para enxugar contas e aumentar lucros às custas do trabalhador. Os contratos com a Petrobrás foram renovados levando em conta o repasse referente a um reajuste salarial que até hoje não ocorreu.  Enquanto o trabalhador amarga prejuízos, as multinacionais se capitalizam ainda mais.  No dia 23, a categoria irá à greve unida para fazer valer os seus direitos.

Eleições na Petros  vote em quem tem compromisso com a categoria

Conselho Deliberativo  12
Titular – Cláudio Alberto (RJ) 
Suplente – Itamar Sanches (SP)

Conselho Fiscal     33
Titular – Paulo César Martin (BA)
Suplente – Iranildo Germano (RN)

Pela reabertura da REPACTUAÇÃO