Tadeu Porto*
Prezado senhor senador,
Estava num ônibus da viação 1001, linha Macaé-Rio de Janeiro, quando peguei o meu celular para aquela corriqueira passadinha pela time line do Facebook, e vi que o senhor se referiu a um grupo de trabalhadores do qual eu participo, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), como “vagabundos”.
Aliás, Serra esteve em Macaé em outro dia. Será que ele anda de ônibus, ou mesmo carro, pela a região dos lagos, como eu faço?
Sinceramente acho difícil, e também uma pena, devido a falta de zelo que muitos parlamentares têm com o dinheiro publico nacional em busca de confortos supérfluos e desnecessários. Mas isso e assunto para outro momento…
Agora gostaria de falar sobre o “vagabundos”. Ora senhor senador, vossa excelência argumentou que “Brasília não há grandes instalações da Petrobras” (aliás, escrevendo sem acento, como todo bom entreguista). Fico tentando imaginar, então, o que vossa excelência deve ter falado para seu colega de chapa eleitoral!
Coisas do tipo: “Aécio, deixa de ser vagabundo! Como pode ser um dos mais faltosos do senado?” ou mesmo “não há atividades legislativas mineiras no Rio, quem paga essas suas viagens?”
Outra coisa que chamou atenção na mensagem de vossa excelência, foi a maneira que o senhor nos acusou de “agredir” quem não concorda com a opinião contrária.
Olha senhor senador Aloysio, confesso que não consegui evitar a lembrança de um vídeo seu se oferecendo para uma relação homossexual ativa com um blogueiro, quando foi perguntado (somente perguntado, veja só, não acusado) sobre um possível envolvimento no trensalão.
Aqui entre nós, qual sua lógica senhor senador? Acha democrático partir para a agressão física e verbal e fica chateado quando recebe alguns gritos de entreguista?
Me desculpe, mas para mim não faz muito sentido.
Por fim, senhor parlamentar, deixo a você a resposta de uma pergunta sua, e ainda alguns outros questionamentos, com a certeza de que o debate dialético e transparente é importante para avançarmos em conhecimento e maturidade.
Nesse sentido, lhe informo que quem “paga nossos serviços” é toda a categoria petroleira do país. De maneira espontânea, uma vez que devolvemos nossa parte do imposto sindical e procuramos arrecadar apenas o desconto voluntário de cada petroleiro e petroleira sindicalizada.
Com essa nossa política, nós do Sindipetro Norte Fluminense por exemplo, temos uma das maiores taxa de filiados do Brasil e construímos, junto com a FUP, um dos melhores, quiça o melhor, acordo coletivo da América Latina.
Usamos esse dinheiro para, entre muitos outros serviços, garantir a soberania nacional no setor energético, coisa que seu projeto de lei quer tirar.
Ou vossa excelência acha mesmo que a Chevron (só exemplo, tá? Nada a ver
com o Serra ou Wikileaks) vai vir tirar petróleo aqui da nossa terra com o mesmo compromisso social que da Petrobrás?
Agora eu lhe pergunto senhor Senador: vossa excelência dorme tranquilo sabendo que trabalha recebendo um honorário oriundo de uma taxação extremamente injusta?
Acha ético um terno bem bacana ou uma comitiva inútil pra Venezuela ser paga mediante impostos de brasileiros e brasileiras que recebem até três salários mínimos?
E aquelas duas fazendas que valem um real cada, hein? Uma pechincha um pouco
surpreendente, não acha!? Eu até lhe faria uma proposta, mas minha moral não permite que eu entre num negócio tão desproporcional. Nem se algum amigo meu me emprestasse fácil 300 mil reais eu faria algo desse calão.
No mais, estou disposto a realizar qualquer outro esclarecimento que por ventura vossa excelência queira saber.
Atenciosamente,
* Petroleiro, Fupista e diretor do Sindipetro Norte Fluminense.
[Publicado originalmente no blog “O Cafezinho”, aqui]