Marcha das Margaridas defende fortalecimento da democracia

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Luana Lourenço / Da Agência Brasil

A Marcha das Margaridas, mobilização de mulheres trabalhadoras rurais, levou hoje (12) milhares de manifestantes à Esplanada dos Ministérios e ao gramado do Congresso Nacional. A marcha, inspirada na sindicalista paraibana Margarida Maria Alves, assassinada há 32 anos, está na quinta edição e saiu às ruas com reivindicações ligadas aos direitos das mulheres, melhorias da vida no campo e fortalecimento da democracia.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), organizadora do evento, a meta de reunir 70 mil pessoas na marcha foi atingida. A Polícia Militar do Distrito Federal estimou em 35 mil o número de manifestantes.

“Superou nossas expectativas e dá o recado para o povo brasileiro de que a Marcha das Margaridas está nas ruas em defesa dos interesses de todos. Quando defendemos a democracia, esse direito de estar nas ruas, de colocar nossa pauta na mesa do governo, do Parlamento, de sermos ouvidos, de construir as políticas juntos, é isso que entendemos por democracia”, afirmou a secretária de Mulheres da Contag e coordenadora da marcha, Alessandra Lunas.

A maioria das participantes da marcha está acampada no Estádio Nacional Mané Garrincha, de onde iniciaram o percurso de cerca de 5 quilômetros. A concentração começou cedo e a marcha saiu logo depois das 8h por uma das principais vias de Brasília, o Eixo Monumental.

A agricultora Salete Schmidt, de Santo Amaro da Imperatriz, Santa Catarina, disse que viajou 30 horas até a capital para cobrar mais políticas públicas para os pequenos produtores. “Estou marchando por melhorias para os homens e mulheres do campo, os agricultores precisam ser mais olhados porque a agricultura movimenta tudo e não é reconhecida. Sempre estamos tentando buscar recursos e somos pouco olhados”, reclamou.

Mobilização

A mineira Maria Vânia, do município de Mirabela, defendeu a mobilização como forma de pressionar as decisões do governo. “Viemos reivindicar nossos direitos, não podemos ficar paradas lá na roça. Precisamos de luta para conquistar nossas vitórias. Quando a gente chega aqui entre tantas pessoas é que a gente vê a importância e a força da mulher.”

A caminhada reuniu agricultoras familiares, indígenas, quilombolas, ribeirinhas e extrativistas de todo o país. Apesar do nome, a mobilização não é exclusivamente feminina e teve a participação de muitos homens, como o sindicalista Valderi Alves de Paula, de São Mateus, no Maranhão.

“Quando a gente vem para cá, a gente se transforma em Margarida Alves. E ela deixou um legado, ela não morreu, está imortalizada nas nossas reivindicações. Muitos direitos sociais que temos conquistado foram através dessa marcha. Por isso, estamos aqui para apoiar a marcha. Eu, como delegado sindical, sofro quando vejo uma mulher num assentamento da reforma agrária buscando água na casa do fazendeiro – isso me dói, por isso, a luta também é nossa”, afirmou.