É preciso aprender a lição com a P-36

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* Flavio Borges

A P-36 foi a maior plataforma de produção de petróleo no mundo antes de seu afundamento em março de 2001. A plataforma da Petrobras teve seu custo estimado em 350 milhões de dólares.

Na madrugada do dia 15 de março de 2001 ocorreram duas grandes explosões em uma das colunas da plataforma, a primeira às 0h22m e a segunda às 0h39m. Segundo a Petrobras, na época haviam 175 pessoas embarcadas no momento do acidente, destas 11 morreram durante o sinistro, todas integrantes da equipe de emergência da plataforma. Depois das explosões, a plataforma tombou em 16 graus, devido ao bombeio de água do mar para o seu interior, o suficiente para permitir alagamento que levou ao seu afundamento.

A plataforma afundou no dia 20 de março, em uma profundidade de 1200 metros e com estimadas 1500 toneladas de óleo ainda a bordo. Segundo a agência nacional de petróleo (ANP), o acidente foi causado por “não-conformidades de procedimentos operacionais, de segurança, de manutenção e de projeto”.

FPSO – Cidade São Matheus, pertencente à empresa BW Offshore e afretado pela Petrobras, sofreu duas graves explosões na última quarta-feira dia 11 de fevereiro de 2015, as explosões no navio-plataforma na Bacia do Espírito Santo deixou cinco mortos, quatro desaparecidos e 26 feridos, dos quais 21 já deixaram os hospitais.

Épocas diferentes histórias parecidas, ambas com o mesmo pano de fundo, frutos da terceirização. A precarização das relações de trabalho ocasionadas por ações gerenciais dentro das empresas do seguimento do petróleo, que visão o aumento de seus lucros através do barateamento da mão de obra, baixo investimento em saúde e segurança do trabalhador, e diminuição da mão de obra embarcada, parece está fazendo escola em diversas Gerências da Petrobras.

Para Alguns a lição parece que nunca será aprendida.

Denúncias recebidas pelo Sindipetro-NF, feitas por Técnicos de Segurança da Bacia de Campos fazem referência a orientações dadas por gestores, sobre serviços que serão realizados após o horário de trabalho do Técnico de Segurança embarcado, caso haja a necessidade de liberação de algum serviço, fora do seu horário de trabalho, executem a liberação e voltem a dormir. A justificativa dada pelos gestores, é que o acompanhamento dos serviços suscitariam horas extras. Entretanto a recomendação não é a mesma durante o horário de trabalho, é bem diferente, sendo solicitado ao técnico o acompanhamento “full time” de todos os serviços que possuam APN 2.

A prática além de colocar em risco, pessoas e instalações, esconde uma grave crise, a falta de reposição da mão de obra, que se estende também a outras áreas operacionais.

Outra prática perigosa denunciada por estes trabalhadores é o número elevado de transbordos realizados para cobrir a falta de pessoal, em alguns momentos estes profissionais chegam a passar por três plataformas em um só embarque.

Até quando trabalhadores terão suas vidas e sua saúde, postas em risco neste processo que se mostra cada vez mais falido.

* Diretor do Sindipetro-NF