Editorial do Nascente: CUT com Lula de modo coerente

É possível que o leitor ou a leitora não goste da CUT. É da democracia. Mas mesmo quem faz restrições à Central há de concordar em um aspecto: ela não fica em cima do muro. E tem sido assim nestes tempos de massacre jurídico e midiático contra o maior líder operário brasileiro, nascido das lutas no ABC paulista em plena Ditadura Civil-Militar do pós-64 e que, na Presidência da República, governou mantendo o diálogo nacional, promovendo justiça social e realizando investimentos em políticas públicas “como nunca antes na história desse País”, como gosta de repetir.

E é por se portar desse modo, que a direção nacional da CUT decidiu, em reunião nos últimos dias 28 e 29, apoiar a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência nestas eleições de outubro. Este apoio é condicionado, entre outros fatores, a um compromisso muito claro, registrado na resolução da Central: “Apoiamos a candidatura de Lula porque acreditamos no seu compromisso com a convocação de uma Assembleia Constituinte com o objetivo de revogar as medidas nefastas do governo golpista e de implementar as reformas estruturais necessárias ao resgate da democracia e ao fortalecimento da soberania nacional, criando condições para um novo ciclo de desenvolvimento, sustentável e com inclusão social, que atenda as demandas colocadas na Plataforma da CUT para as Eleições 2018”.

Portanto, contra todos os efeitos do golpe e seus afluentes, inclusive aqueles que tentam naturalizar o uso político do discurso técnico-jurídico para legitimar o ilegitimável, a CUT segue com Lula até o final, e espera que este final seja o respeito à vontade popular. É assim que deve ser numa democracia. Lula não está acima da Lei, mas também não pode estar abaixo dela, como tem sido tratado.

Até que todos os recursos possíveis sejam feitos, inclusive por meio de nova consulta à ONU — que teve desrespeitada uma recomendação explícita ao Brasil para que garantisse a candidatura Lula —, a Central manterá neste pleito a sua postura clara de defesa não de um nome, mas de um projeto de Nação que é a razão de ser do seu nascimento e da sua existência. O nome disso é coerência histórica.

Afinal, por meio destas eleições, “estamos convocados a derrotar o golpismo e mudar a história do País”, como chamou a Central, também na resolução que anunciou o apoio a Lula.

Sigamos firmes e fortes.

 

[Nascente 1056]